Pouco mais de 30 famílias sem-terra que ocupam parte da fazenda das Cobras, no distrito de Jaciporã, há quase sete anos terão que deixar a propriedade até a próxima sexta-feira, 31. A determinação é da 1ª Vara Judicial da Comarca de Dracena, que expediu o mandado de reintegração de posse (liminar), datado no último dia 16.
Os ocupantes da área deveriam ter desmontado os barracos na semana passada, mas eles pediram mais uma semana para cumprir a ordem judicial.
O capitão Ivan Garcia de Oliveira, da 1ª Cia. da Polícia Militar, conseguiu junto ao proprietário da fazenda, o aditamento do mandado que prorrogou o prazo até sexta-feira.
Ontem, 28, a reportagem esteve na fazenda das Cobras e constatou que a maioria das famílias já deixou a área ocupada e desmontou os barracos.
Algumas famílias afirmaram que estão na propriedade de seis a sete anos, onde plantaram banana, mandioca, almeirão, alface, abóbora, berinjela, entre outros produtos.
Eles lamentam deixar o local onde plantaram para a sobrevivência própria e também para abastecer a Associação de Produtores J. Marques, que cede os produtos para o programa da Conab, beneficiando centenas de famílias de Dracena.
O casal Roseli e Carlos Oliveira, explicou que está no acampamento há seis anos e já desmontou o barraco e irá retornar para a cidade. “Não ganhei nada com isso, mas ainda sonho em ter um pedaço de terra”, disse ao lado da esposa.
Nelson Venâncio da Silva, 75, está na fazenda há sete anos e teve que desmontar o barraco e voltar para Jaciporã. “Saio sem mágoa, a vida continua e não ganhei nada, mas se tiver que voltar eu volto”, afirmou o idoso.
Roseli Rosa da Silva, 32, casada, morou no barraco que desmanchou para sair da propriedade por sete anos. “Não ganhei nada e plantamos verduras e abastecemos a Conab. Não é o meu caso, mas aqui tem gente que não tem para onde ir”, desabafou a mulher.
Já, Clóvis Aparecido Camporezi, 48, há seis anos no acampamento, diz que só ganhou amizade; ele plantou alface, mamão, mandioca, e berinjela. Lamenta ter que sair, mas vai respeitar a decisão da Justiça. Clóvis afirma que o proprietário, ao invés de arrendar os cinco hectares que ocupam para a usina plantar cana, poderia vender a famílias que estão deixando a área.
“Aqui são mais de 30 famílias que tiram o sustento da área plantada”, afirmou. Os integrantes do acampamento que é denominado “Cobra”, afirmaram que estão deixando a propriedade respeitando a ordem da Justiça, mas vão montar os barracos na beira da estrada.
Segundo eles, as plantações existentes na área vão ser tombadas, provavelmente segunda-feira, 3, tão logo a área estiver totalmente desocupada.
O capitão Ivan disse que o objetivo da Polícia Militar, é que os sem-terra deixem a área de forma pacífica e amanhã, vai estar na fazenda para averiguar se o que foi combinado com as famílias está sendo cumprido.