Fazer um texto dissertativo-argumentativo capaz de receber nota 1.000 no Exame Nacional do Exame Médio (Enem) é um desafio: em 2014, somente 250 alunos de todo o país conseguiram a façanha. Faltando 45 dias para a edição 2015, o G1 reúne dicas de especialistas para aproveitar bem o tempo até a prova do Enem.
Abaixo, em passos, veja 10 dicas de como se prepar para a prova:
1 – Leia artigos de opinião
Colunista do G1 e autora do livro “Redação Excelente! Para Enem e Vestibulares”, a educadora Andrea Ramal aponta que é preciso investir na leitura.
“Leia muito, sobretudo artigos de opinião de jornais e sites de notícias. Os artigos de opinião são textos dissertativo-argumentativos: exatamente o estilo que você terá que usar na prova do Enem e da maioria dos vestibulares. Quanto mais você ler, mais vai ampliar seus conhecimentos e, além disso, fixar a estrutura correta de um texto, reparando como o autor liga as ideias na introdução, desenvolvimento e conclusão.”
DICA: Além das colunas e blogs do G1, você pode consultar os artigos de opinião de “O Globo”.
2 – Perfil dos temas
Para Lilio Paoliello, diretor pedagógico do Cursinho da Poli, gênero, religião e política têm chances menores de aparecer como tema. “Como a prova é preparada com muita antecedência, assuntos recentes têm pouca chance de aparecer. Tradicionalmente, trata-se de temas que discutem problemas da comunidade, focados em ambiente, sociedade e cultura, mas sem tocar diretamente em questões como gênero, religião e política.”
3 – Treine o tempo: uma hora
Para Andrea Ramal, é hora de treinar o bom uso do tempo. “Escolha temas relevantes e escreva sobre eles como se fosse no dia da prova. Você tem uma hora para escrever seu texto, certo? Faça primeiro um rascunho, descanse alguns minutinhos e, depois, releia e passe a limpo fazendo as alterações finais. Sabe os atletas, que treinam tanto para ganhar medalha nas competições? Redação também é assim. Quanto mais você treinar, melhor.”
4 – Seja seguro e preciso
“Seja preciso nas palavras. Se você não tiver certeza sobre o significado de um termo, ou não lembrar da grafia correta, consulte o dicionário. Se tiver dúvida na regência ou concordância verbal e nominal, consulte a gramática. Assim você dominará cada vez mais a norma culta da língua portuguesa. E na hora da prova, que não pode consultar nada? Se tiver dúvida, troque a expressão por outra, sobre a qual você tenha certeza”, aponta Andrea Ramal.
O diretor do Cursinho da Poli complementa: “O candidato deve sempre pensar que está escrevendo para outra pessoa ler. Por isso, é recomendável evitar palavras de grafia ou significado não conhecido e, caso seja necessário, optar por termos substitutos que não envolvam tantas dúvidas.”
5 – Lembre de fugir do pleonasmo
“Evite pleonasmos, ou seja, repetições que revelam mau uso da linguagem. Por exemplo: subir para cima, protagonista principal, ver com seus próprios olhos, surpresa inesperada, retomar de novo e assim por diante. Não faça generalizações, como por exemplo: “A economia sempre cresce quando…” ou “Esta é a melhor solução”… Em vez dessas frases, é mais adequado dizer: “A economia costuma crescer quando…” ou “Esta pode ser uma das soluções mais indicadas”.
6 – Refaça redações com temas já abordados
“Faça redações de vestibulares de anos anteriores e, sempre que possível, peça a seu professor para corrigir e sugerir melhorias. Ao escrever, leia o enunciado com atenção. Uma das maiores causas de perda de pontos é fugir ao tema. Nesse ponto, os textos de apoio, que aparecem na proposta de redação, podem ajudar bastante: num tema muito amplo, eles dão o foco que você deve seguir.”
DICA: Ao fim da página, confira lista de temas já abordados no Enem.
7 – Entenda as competências exigidas
A correção da prova é baseada, sobretudo, no domínio de 5 competências:
– COMPETÊNCIA 1: Demonstrar domínio da norma padrão da língua escrita.
– COMPETÊNCIA 2: Compreender a proposta de redação e aplicar conceitos das várias áreas de conhecimento para desenvolver o tema dentro dos limites estruturais do texto dissertativo-argumentativo.
– COMPETÊNCIA 3: Selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações, fatos, opiniões e argumentos em defesa de um ponto de vista.
– COMPETÊNCIA 4: Demonstrar conhecimento dos mecanismos linguísticos necessários à construção da argumentação.
– COMPETÊNCIA 5: Elaborar proposta de intervenção para o problema abordado, respeitando os direitos humanos.
8 – Sem medo de intervir
“A temida proposta de intervenção pode ser facilmente guiada pelas seguintes perguntas: quem faria essa intervenção? Quando? Como? Lembrando, claro, que o plano deve estar dentro da lei e deve respeitar os direitos humanos”, pontua Lilio Paoliello, diretor pedagógico do Cursinho da Poli.
9 – Leia de forma frequente
É difícil escrever bem ser ler constantemente. “São comuns os erros ortográficos e a falta de informação, que resultam em problemas de coesão e coerência no texto. Essas dificuldades podem ser evitadas com leitura constante e frequente, que familiariza o candidato com as palavras em seu sentido correto, a norma culta de nossa língua e com o formato do texto dissertativo-argumentativo”, explica o diretor do Cursinho da Poli.
10 – Pense no que pode dar em ZERO
Há algumas práticas que resultam em zero imediato. São elas: – Não atender a proposta solicitada ou desenvolver outra estrutura textual que não seja a do tipo dissertativo-argumentativo; – Entregar a folha de redação sem texto escrito; – Escrever até 7 (sete) linhas, qualquer que seja o conteúdo; – Impropérios, desenhos e outras formas propositais de anulação; – Desrespeito aos direitos humanos; – Parte do texto deliberadamente desconectada com o tema proposto.
Temas que já caíram no Enem
Relembre os temas e avalie sobretudo a linha adotada mais recentemente pelos responsáveis pela elaboração da prova:
1998: Viver e aprender
1999: Cidadania e participação social
2000: Direitos da criança e do adolescente: como enfrentar esse desafio nacional
2001: Desenvolvimento e preservação ambiental: como conciliar os interesses em conflito?
2002: O direito de votar: como fazer dessa conquista um meio para promover as transformações sociais que o Brasil necessita?
2003: A violência na sociedade brasileira: como mudar as regras desse jogo
2004: Como garantir a liberdade de informação e evitar abusos nos meios de comunicação
2005: O trabalho infantil na sociedade brasileira
2006: O poder de transformação da leitura
2007: O desafio de se conviver com as diferenças
2008 Como preservar a floresta Amazônica: suspender imediatamente o desmatamento; dar incentivo financeiros a proprietários que deixarem de desmatar; ou aumentar a fiscalização e aplicar multas a quem desmatar
2009: O indivíduo frente à ética nacional
2010: O trabalho na construção da dignidade humana
2011: Viver em rede no século 21: os limites entre o público e o privado
2012: Movimento imigratório para o Brasil no século 21
2013: Efeitos da implantação da Lei Seca no Brasil
2014: Publicidade infantil em questão no Brasil