A cada ano que passa a expectativa de vida no Brasil, felizmente, vem aumentando. Segundo dados do IBGE, passou de 70,7 anos em 2001 para 74,9, em 2013.
Não há como negar que é resultado, principalmente, da melhor qualidade de vida da população e dos avanços da medicina. Entretanto, o crescimento da longevidade traz impactos no país, principalmente na Previdência e na Saúde, que exigem atenção dos setores público e privado para garantir equilíbrio.
No caso da saúde, recente levantamento do IESS reforça ainda mais a preocupação com um futuro que não está muito longe. O estudo aponta que nos próximos 15 anos os gastos das empresas privadas de saúde vão quase triplicar, passando de cerca de R$ 106 bilhões por ano para R$ 283 bilhões.
Essa previsão é para daqui a uma década, mas a preocupação com a sustentabilidade do setor já exige soluções para hoje. Campanhas contra o tabagismo e acompanhamento de pessoas com risco de diabete são apenas alguns dos exemplos de iniciativas que as operadoras vêm desenvolvendo. Porém, o investimento em gestão e em prevenção não vem sendo suficiente.
Os planos de autogestão são prova disso. Apesar de a Unidas incentivar as iniciativas das filiadas, dados da ANS mostram que, entre 2008 e 2013, as despesas assistenciais das autogestões aumentaram 72,78%. E é justamente o crescimento da longevidade um dos fatores que vem impactando nos custos desses planos.
É natural que o uso pelos serviços de saúde aumente conforme envelhecemos. Um beneficiário aposentado, por exemplo, faz em média 33 exames por ano enquanto que o número em relação a quem ainda está trabalhando cai para 17. O impacto é significativo. Sua internação custa em média R$ 14 mil, o dobro do custo de quem está na ativa.
Não se faz aqui uma defesa para que parem de usar o plano de saúde. Quem paga tem o direito de usufruir dos serviços. Porém, boa parte da sociedade ainda não compreende o risco que o segmento sofre. Hoje é o setor privado o responsável pela maior parte dos investimentos em saúde.
O desafio de buscar soluções que garantam a sustentabilidade do setor une esforços dos governos Federal, Estadual e Municipal, prestadores de serviço e operadoras de saúde, incluindo as autogestões, que não têm fins lucrativos. Somente com o trabalho conjunto é que alcançaremos a longevidade dos planos de saúde.

* presidente da União Nacional das Instituições de Autogestão em Saúde (Unidas).