A dracenense e pesquisadora cientista, vice-líder do Grupo de Análise e Visualização no Lawrence Berkeley National Laboratory e cientista de dados na Universidade da Califórnia, ambos em Berkeley, Califórnia (Estados Unidos), Daniela Ushizima, cujos pais residem em Dracena, tem muito que comemorar neste começo de ano.
Daniela lidera o Consórcio de Câncer Cervical (C3), formado por cientistas do Brasil e Estados Unidos que trabalham em prol de software livre de qualidade para o bem-estar da sociedade. Essa iniciativa visa principalmente orientar profissionais, investigar métodos numéricos, e desenvolver ferramentas computacionais para assistir citologistas, e consequentemente, melhorar a qualidade de atendimento à saúde de mulheres examinadas através do método de Papanicolau via Sistema Único de Saúde, SUS.
O objetivo é combinar algoritmos de visão computacional com conhecimento específico em citologia cervical.
No ano de 2014 e 2015, Daniela, juntamente com as professoras Andrea Bianchi, Cláudia Carneiro e Fátima Medeiros, foi campeã de desafios em programação (informática), voltado à segmentação de células em imagens de citologia do colo do útero, num dos maiores simpósios internacionais em biomedicina, realizados em Pequim, na China e Nova Iorque, EUA.
O projeto de Ushizima com o Brasil tem como objetivo a construção de ferramentas computacionais semiautomáticas de análise e quantificação de imagens de microscopia celular para auxiliar o citologista na análise e no diagnóstico de células cervicais coletadas pelo exame Papanicolau.
O método premiado inclui algoritmos de reconhecimento de padrões originalmente desenvolvidos pelo Centro de Matemática Avançada para Aplicações em Energia (CAMERA) para caracterização de novos materiais. Foi considerado o mais rápido e preciso, foi destaque em Washington D.C., nos Estados Unidos, em 16 de setembro de 2014, quando o secretário de Energia, Ernest Moniz prestigiou o Dia do Laboratório Nacional. “Nosso trabalho é o resultado de anos de colaboração com físicos, engenheiros e citologistas no Brasil e Estados Unidos, em algoritmos com ampla aplicação no reconhecimento de padrões”, disse Daniela.
Após todo esse árduo trabalho científico ela conta que o governo brasileiro apostou na colaboração e a premiou com um projeto Ciências sem Fronteiras neste ano para que ela venha ao Brasil pelo menos por um mês, durante três anos para desenvolver a pesquisa em terras nacionais. “Além disso, desenvolvo esse projeto nos Estados Unidos também, como parte de minhas investigações, como pesquisadora na Universidade da Califórnia em Berkeley, meu “segundo” emprego: meu empregador primário é o Laboratório Nacional Lawrence Berkeley, mantido pelo Departamento de Energia Americano”.
O projeto também inclui oportunidade de estudantes brasileiros fazerem intercâmbio nos Estados Unidos, e Daniela está ansiosa em receber dois alunos de doutorado do Piauí em 2016 para aprenderem mais sobre a “arte” de entender imagens digitais usando computador.
No ano que passou, Daniela esteve no Brasil, precisamente na Universidade Federal do Ceará, ministrando cursos, workshops, liderando hackathons. O trabalho teve por objetivo a análise de imagens de células cervicais, provenientes de Papanicolau de mulheres que usam o Sistema Único de Saúde (SUS). “A história é bem longa de como cheguei às células cervicais, mas a motivação tem sido única: usar a ciência da computação para a melhoria da saúde pública, e felizmente, com ajuda de pesquisadores brasileiros geniais de várias instituições governamentais”, conclui a cientista que quando residiu em Dracena estudou nas escolas Engenheiro Isac Pereira Garcez e no colégio Anglo-CID, e em seguida, graduou-se no curso de Ciência da Computação pela Universidade Federal de São Carlos.
Os pais de Daniela são Antônio Ushizima, geólogo, e Maria de Lourdes, do INSS ela é irmã do Thiago, Thales e Larissa.