Estamos vivendo e assistindo à destruição da estabilidade econômica de quase 20 anos, construída com muito sacrifício nas décadas de 80 e 90. Quem era adulto naquela época lembra-se da hiperinflação, troca de moedas, congelamento de preços e da poupança e outras loucuras que vivenciamos. Fomos submetidos a políticas econômicas malucas, nas quais muitas empresas morreram e seus colaboradores ficaram sem emprego.
Foi um desastre total, até a chegada da lucidez encontrada durante o governo Itamar Franco que implementou o Plano Real, com medidas básicas e concretas. As medidas puseram fim à inflação e geraram confiança na sociedade. Começamos, então, a sair do buraco.
Hoje, as pessoas perguntam-se sobre o que deu errado e por que a maré virou tão rapidamente. Acredito que o fator crucial tenha sido a alteração da política econômica promovida pela presidente Dilma Rousseff, a partir de seu primeiro mandato. Implementando medidas intervencionistas e contrárias à iniciativa privada, vem minando as bases do “castelo Brasil”.
Tais práticas obsoletas e equivocadas foram amplamente analisadas e contestadas pelos setores produtivos e numerosas pessoas nos últimos cinco anos, e é comprovado que não funcionam. São ideias reprovadas pela prática e que levaram muitos países ao atual estágio de miséria em que vivem. Dentre eles, nossos vizinhos Venezuela e Argentina. Infelizmente, de nada adiantaram os alarmes emitidos pela sociedade.
Para se construir uma empresa sólida, leva-se uma vida, mas para destruí-la bastam alguns meses. Após cinco anos de política econômica equivocada, o “castelo Brasil” ruiu e a confiança da população foi a zero. Os brasileiros estão abismados com os escândalos e desanimados ante a baixíssima qualidade moral das pessoas que ocupam posições de relevância na estrutura da República, seja situação ou oposição, seja nos poderes Executivo ou Legislativo, federal, estadual ou municipal. É uma vergonha e um desastre o cenário atual!
A conjuntura é muito pior do que se notícia, pois a mídia foca os dados de ontem ou resultados recente. As previsões futuras são feitas sobre uma arrecadação tributária que não se concretizará, visto que o ritmo da economia continua diminuindo, devido à falta de confiança no futuro. Isso significa que o estouro do orçamento será muito maior do que os absurdos 70 bilhões de reais já anunciados. A ideia estupida de aumentar os impostos causará aumento de preços, o que causará menor consumo e menor arrecadação, num ciclo interminável de demissões e inflação alta, até que se atinja uma economia de nível basal muito abaixo do atual. O cenário final será de milhões de desempregados, milhares de empresas fechadas e inflação sem controle.
Já assistimos a esse filme na década de 80. Muitos de nossos governantes e representantes foram eleitos legalmente, mas moralmente já não representam nosso povo. Temos vergonha de nos referir a essas pessoas, sejam de situação ou oposição. Muitos desses políticos enojam seus eleitores e a população com suas atitudes e posicionamento, que agridem todos. Posam de inocentes, mas os fatos demonstram sua imoralidade. O brasileiro não é isso que está aí.
Graças a algumas poucas instituições fortes, a sociedade tem se sentindo minimamente protegida e alimentada da esperança de justiça. Infelizmente, somente o tempo nos ajudará a aposentar os que destruíram 30 anos de suor dos brasileiros. Esperamos com ansiedade, a cada dia, a oportunidade de votar e nos livrar da desgraça que nos abateu. Até que chegue essa data, teremos um período muito difícil para todos os cidadãos honestos e de caráter, empreendedores e trabalhadores, que lutam todos os dias e ajudam a construir um país bom para se viver.
*economista pela FAAP e MBA pela Duke University, é presidente da Associação Brasileira dos Fabricantes e Importadores de Artigos Escolares e de Escritório (ABFIAE) e diretor Titular do CIESP Bauru.