É interessante relembrar o comportamento dos brasileiros em relação à política através dos tempos.
Você sabia?
– Que a figura de Tiradentes, como a conhecemos hoje, é apenas uma cópia da figura de Cristo, uma vez que ninguém vivo naquela época sabia como ele era?
– Que em 1894 a eleição que elegeu o paulista Prudente de Moraes tinha três tipos de voto: A eleição “bico de pena” onde eram feitas diversas manipulações pelas mesas eleitorais, como a falsificação de assinaturas e adulteração de cédulas. A “degola”, em que não se reconhecia a vitória de determinados candidatos, eliminando assim os adversários. O “voto de cabresto” em que, por lealdade, se votava no chefe local e o “curral eleitoral” quando os eleitores ganhavam uma boa refeição e o voto, já em envelope fechado, para depositar imediatamente na urna?
– Que a partir de 1890, com a chegada dos imigrantes, iniciaram-se as greves e as mobilizações políticas?
– Que o Partido Republicano, formado principalmente por cafeicultores paulistas, insuflou aos demais segmentos ricos do sudeste para acabarem com a monarquia porque D. Pedro II não impediu a abolição da escravatura, ao contrário, facilitou-a.
– Que, após a libertação dos escravos, o médico Henrique Roxo, representando o Brasil no II Congresso Médico Latino-americano, explicava “que negros e pardos deveriam ser considerados como “tipos que não evoluíram”… que a tara hereditária desse grupo era pesadíssima, levando à vadiagem, ao álcool e demais distúrbios mentais”. Essa era a crença da elite brasileira da época.
– “Que a “temível” Coluna Prestes, fruto da união de um grupo de tenentes, tinha como meta exigir: o voto secreto, a reforma do ensino público, a obrigatoriedade do ensino primário e a moralização da política”. Denunciavam, também, “as miseráveis condições de vida e exploração dos setores mais pobres”. Foram perseguidos até que todos foram mortos.
– Que o gaúcho, Getúlio Vargas, desbancou o candidato paulista, Júlio Prestes, favorito do então presidente, também paulista, Washington Luís e implantou uma ditadura que durou 15 anos. Dedicou-se à política trabalhista: criou as leis de proteção ao trabalhador – jornada de oito horas, regulação do trabalho da mulher e do menor, lei de férias, instituição da carteira de trabalho e do direito a pensões e aposentadoria. Criou o novo Código Eleitoral, dispondo sobre a Justiça Eleitoral, adotava o voto secreto e reconheceu o direito das mulheres ao voto. Era amigo de Hitler para quem, para agradá-lo, enviou uma judia grávida para que os nazistas a matassem nas câmaras de gás.
O Governo getulista avançou bastante nas conquistas trabalhistas, embora tenha, como todo ditador, cometido muitos excessos contra a população. Getúlio voltou, depois, como presidente eleito, se dispôs a enfrentar interesses estrangeiros no país privilegiando o potencial brasileiro nos setores estratégicos. Criou a Petrobrás, o que prejudicava a Standard Oil americana, no setor de petróleo: a Eletrobrás, que contrariava os interesses da Light e outras empresas estrangeiras no setor elétrico.
A sociedade paulista já ficou descontente com essa afronta aos interesses estrangeiros, mas o estopim para a revolta da alta sociedade foi a duplicação do salário mínimo, que beneficiava as classes mais pobres e onerava as mais ricas. Esses ricos influenciaram de tal modo os trabalhadores que “em 18 de março de 1953, cerca de 60 mil trabalhadores paulistas saíram em passeata, da Praça da Sé em direção à sede do Executivo Estadual” A essa, seguiram-se a Greve dos 300 mil, os marítimos pararam o Rio de Janeiro e a situação foi-se complicando.
O povo foi tão sugestionado a repelir o governo Vargas até que ele, desorientado, suicidou-se. As pessoas que antes repudiaram Getúlio caíram em si, percebendo que tinham servido de massa de manobra dos poderosos e, então, passaram a sair pelas ruas fazendo quebra-quebra. Tarde demais.
– Você sabia que na ditadura militar iniciada em 1964, que durou 21 anos, a inflação anual chegou a 223% ao ano (hoje está em quase 11%), foram suspensos os direitos civis e quem reclamasse, desaparecia e normalmente só eram encontrados os seus ossos. Ninguém ouvia falar em corrupção, em brigas políticas, em carestia, em recessão, em falta de emprego porque as notícias eram previamente censuradas e os meios de comunicação só podiam divulgar notícias elogiosas ao governo. O resto a censura cortava. Essa ditadura, que matou milhares de pessoas, torturou e jogou o país numa dívida externa imensa, teve o seu mais feroz órgão de repressão “a OBAN” (operação bandeirantes) “financiada por empresários paulistas e executivos de empresas multinacionais – Ultragaz, Ford, Volkswagen, Supergel”.
“Mas nada se compara aos crimes cometidos pela ditadura contra as populações indígenas… matanças de tribos inteiras, tortura e toda sorte de crueldades foram cometidas contra indígenas brasileiros por proprietários de terras e por agentes do Estado”. O relatório oficial “denuncia – e comprova – a existência de caçadas humanas feitas com metralhadoras e dinamite atirada de aviões, inoculações propositais de varíola em populações indígenas isoladas e doações de açúcar misturado a estricnina”. E pensar que tem gente pedindo a volta da ditadura!!! (Esses dados foram retirados do livro “Brasil: uma biografia” de Lilia M. Schwarcz e Heloísa M. Starling, 1ª edição, 2015).
– Chega a ser cômica a perseguição da mídia ao ex-presidente Lula. Agora estão fazendo o maior escândalo porque descobriram que a esposa dele comprou um barco (sem motor) marca Levefort, por 4 mil reais. Se eles souberem que em Panorama está cheio de pirangueiros com barcos melhores e mais caros, será que vão investigar a procedência dessas “fortunas” todas?

Até quarta-feira
therezapitta@uol.com.br
– Dracena –