Às vezes as coisas acontecem e só algum tempo depois se percebe o que está ocorrendo. Eram comuns as casas com crianças, que se juntavam às crianças da vizinhança e formavam os grupinhos de amigos barulhentos e alegres. Era muito raro uma casa sem esses pequeninos que, apesar da balbúrdia que faziam, deixavam todos alegres.
De repente, estamos dando conta de que uma criança na vizinhança ou dentro de nossas casas está se tornando coisa rara. Às vezes percebemos que num raio de 200 metros de nossas residências não há uma única criança e bebês, menos ainda. Onde estão as famílias numerosas com cinco ou seis filhos, que outrora eram tão comuns?
Hoje, os casais que têm filhos, têm um apenas ou, no máximo, dois. Há um desejo imenso de “curtir” a vida com todas as diversões que o dinheiro pode proporcionar e filhos podem representar uma espécie de aprisionamento, que impede o gozo, a liberdade. Tanto é verdade que há algum tempo os pais viam como diversão brincar com seus rebentos e as viagens, os acúmulos de bens eram postos em último lugar.
Agora parece não haver mais esse tipo de prazer e os poucos filhos que os casais têm, são depositados nas creches e escolinhas porque os pais sentem mais necessidade de acumular bens do que usufruir da companhia dos filhos. Quando se encontram, os pais estão cansados e fazem o possível para que seu filho logo adormeça para que eles próprios também descansem de seu dia de trabalho porque no outro dia tudo se repete.
As crianças estão crescendo sem os pais e esses pais não sentem a falta deles. Assim, quanto menos filhos, melhor. Em nível de sentimento isso é péssimo porque esses poucos pais que restaram perderam toda a capacidade de amar e em se tratando de sociedade, também é péssimo porque são as novas gerações que dão sustentação emocional e financeira aos idosos.
Hoje vemos um problema crucial envolvendo a Previdência Social no país. A classe trabalhadora, que é a que contribui para o sustento desse batalhão de pessoas de vive de aposentadorias, pensões e demais benefícios que a Previdência proporciona, simplesmente está desaparecendo, na mesma medida em que os beneficiários estão aumentando.
Sabe-se que para haver equilíbrio das contas tem que haver um grande contingente de trabalhadores recolhendo recursos e um número muitas vezes menor dos que recebem. É a famosa pirâmide onde os contribuintes ocupam uma base muito larga e um número reduzido de beneficiários ocupam o topo. Hoje essa pirâmide está praticamente invertida e com tendência de um agravamento da situação em um espaço de tempo relativamente curto.
Esses adultos que trocaram a criação de filhos por casas suntuosas, vários carros, passeios, festas podem estar dando “um tiro no pé”. Provavelmente quando precisarem dos benefícios da Previdência, ela não terá condição de prover-lhes os recursos necessários para desfrutarem de uma velhice tranquila e confortável, além dos cuidados e carinho dos filhos que não tiveram por egoísmo e negligência.
Vários países da Europa fizeram isso e atualmente estão desesperados atrás de mão-de-obra que sustente a economia. Na Inglaterra, o governo está estimulando os casais para que tenham mais filhos. A Alemanha também está no sufoco pelo mesmo motivo. Hoje ela espera aceitar, no mínimo, um milhão de refugiados das guerras do norte da África, não por bondade, mas para não sofrer um colapso nas suas finanças.
Como se dizia antigamente: “Quando se vê as barbas do vizinho arderem, devemos colocar as nossas de molho”.

Até quarta-feira
-Dracena –