Ano passado o governo federal registrou o maior déficit orçamentário da história brasileira (R$ 115 bilhões), a inflação disparou e hoje é uma das mais elevadas entre os países emergentes, o número de desempregados com carteira assinada chegou a 1,5 milhão de pessoas em 2015 e a renda dos trabalhadores vem caindo mês a mês. Em 2015 a economia nacional encolheu 3,8% e este ano não deve ser nada muito diferente disso. Tudo isso é fruto de uma política econômica mal conduzida pelo PT. O partido destruiu importantes alicerces instituídos a partir da segunda metade dos anos 90 para debelar a inflação e controlar a dívida pública e que foram fundamentais para o crescimento da economia entre 2004 e 2008.
O governo petista foi gradualmente implodindo o sistema de metas de inflação e o regime de superávit primário e começou a intensificar um desastrado intervencionismo na economia a partir de 2009. Com isso o grau de incerteza passou a dominar o setor produtivo e o processo de tomada de decisão dos investidores. O risco para investimentos cresceu no país e projetos foram engavetados.
Com a economia em frangalhos a área social também começou a ir ladeira abaixo e hoje setores como a saúde e a vigilância sanitária, por exemplo, vivem uma situação caótica. Isso sem falar na educação, cujo lema atual, “Brasil: Pátria Educadora”, não passa de palavras jogadas ao vento em um país onde apenas 8% das pessoas têm plenas condições de compreender e se expressar por meio de letras e números.
Adicionalmente ao descalabro econômico e social que o PT gerou chegam todos os dias novas revelações envolvendo a corrupção patrocinada pelo partido. Quando muitos pensaram que a roubalheira se restringiu ao mensalão veio a público o caso dos desvios na Petrobrás. Vale dizer que outros casos ainda podem dar muito trabalho à Polícia Federal, como, por exemplo, o rombo de cerca de R$ 45 bilhões nos fundos de pensão das estatais.
A população não aguenta mais sentir os efeitos do caos criado pelos petistas e ao mesmo tempo observar um governo corrupto que zomba do povo. Com tudo isso não é nada estranho o fato de 7 em cada 10 brasileiros serem a favor do impeachment da presidente. Esse desejo da maioria foi reforçado dias atrás com o apoio da OAB e da Fiesp ao afastamento de Dilma Rousseff.
O PT colhe o que plantou e deve ser colocado para fora do governo o quanto antes. Seu líder, Lula, pode ser preso a qualquer momento. O partido está acuado, desesperado, mas se apega ao poder de modo ferrenho. Será que os petistas acreditam que Lula voltando ao governo o país se recupera? A ex-Procuradora de Justiça do Ministério Público de São Paulo, Luiza Eluf, foi muito feliz em seu artigo no jornal Estado de S.Paulo em 22 de março ao afirmar que Getulio Vargas acabou com a própria vida quando se sentiu acuado, mas os governantes atuais preferem acabar com a vida dos outros.
O Brasil vive sua maior crise, gerada por um partido que assumiu empunhando a bandeira da ética e criticando as gestões anteriores. A nação se sente traída. Serão necessários muitos anos para corrigir os efeitos de tanto desmazelo no trato da coisa pública e de tanta roubalheira.

*doutor em Economia pela Universidade Harvard (EUA) e professor titular de Economia na FGV (Fundação Getulio Vargas).