Cerca de 50 alunos que ocupam a sede da Secretaria de Estado de Educação (Seeduc) desde o último dia 30, em Santo Cristo, zona portuária do Rio, estão sem receber água e comida há 4 dias. Os policiais militares que fazem a proteção do prédio impedem que os alunos recebam doações de alimentos e água. A finalidade é fazer com que desistam da ocupação.
Ontem (6), eles estiveram reunidos com o secretário de Educação do Estado, Wagner Victer. Durante a reunião, pediram que os colegas que estavam do lado de fora do prédio, e que tinham saído para se alimentar, pudessem voltar e participar do encontro, mas foram proibidos. O secretário alegou que os estudantes só queriam tumulturar, e que não aceitava negociar desta forma.
“Eles não exigiram nenhum absurdo ao fazer esse pedido. Eram apenas alunos que tiveram que sair para se alimentar e que precisavam voltar para reivindicar as pautas relativas aos seus colégios. Como que um aluno de uma unidade responderia por outra? Isso não existe”, disse hoje (7) um dos diretores do Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação do Rio de Janeiro (Sepe-RJ), Marcus Menezes.
Segundo Menezes, a proibição não faz sentido, já que os estudantes também participam do movimento de ocupação em escolas da rede estadual de ensino. “Era primordial a entrada deles para o atendimento geral das demandas de todas as unidades”, disse.
Menezes afirmou que a Secretaria de Educação não se mostra realmente interessada em resolver os problemas dos alunos e dos professores. e que “continua articulando” todos os movimentos que marcam as ocupações e desocupações.
“Uma coisa que precisa ser divulgada é que o ex-diretor do Colégio Estadual Prefeito Mendes de Moraes, Marcos Madeira, que havia sido exonerado (uma das pautas dos alunos) foi colocado pela secretaria como professor articulador, na mesma escola. Como pode isso? Um profissional que claramente se manteve ao lado do movimento para a desocupação, que incentivou a violência contra os ocupantes, agora vira um mediador da paz entre os dois lados da história?! Como ele vai articular uma harmonia no mesmo colégio”, questionou.
Em greve desde o dia 2 de março, os professores da rede estadual de ensino já completaram mais de 3 meses de paralisação. O professor Marcus Menezes disse que a categoria vai fazer nova assembleia na quarta-feira (8). “Falta a secretaria parar de prometer e começar a cumprir. E, também, atender a pauta do calendário de pagamento dos servidores e o reajuste inflacionário do salário, que são pontos que eles se negam a aceitar, infelizmente”, afirmou.
Em nota, a Secretaria de Educação informou hoje que “o governo continuará mantendo a pauta de discussão dos pleitos dos alunos no âmbito das reuniões realizadas pela Defensoria Pública e Ministério Público, conforme o estabelecido pela juíza da 2ª Vara da Infância, da Juventude e do Idoso”. Quanto à indicação do ex-diretor Marcos Madeira, o órgão negou a veracidade da denúncia.