O médico Marcelo D. Mansano, especialista em pneumologia e cirurgia torácica, esteve no último sábado, no Centro de Convenções Rebouças, na cidade de São Paulo, vivenciando a ‘Jornada Paulista de Desafios da Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (D.P.O.C.)’. O curso foi promovido pela Sociedade Paulista de Pneumologia.
Dr. Marcelo explica que a doença pulmonar obstrutiva crônica é definida como um processo inflamatório progressivo da via aérea e pulmões que tem como resultado uma limitação do fluxo de ar por obstrução crônica.
“O enfisema pulmonar e a bronquite crônica são os exemplos dessa doença, que muitas vezes se manifestam juntas no mesmo paciente. Ocorre uma destruição da arquitetura dos pulmões alterando sua elasticidade onde os pulmões vão ficando hiperinsuflados, ou seja grandes, porém sem função (enfisema)”, informa o médico.
Dr. Marcelo cita ainda que há também um remodelamento dos brônquios com fechamento parcial dos mesmos e reversão incompleta mesmo com o tratamento (bronquite crônica). Com isso há uma dificuldade para a entrada e maior ainda para a saída do ar dos pulmões. “As trocas gasosas ficam prejudicadas. Tem como causa a inalação de partículas ou gases nocivos”. Dr. Marcelo diz que o tabagismo é a causa mais comum (90%). Outra causa é o uso de lenha para cozinhar, hábito este muito comum no passado quando da vida na área rural. Existem também as doenças ocupacionais.
Tem a incidência em 15% da população adulta brasileira, sendo mais frequente em homens. Será em 2020 a terceira causa de mortalidade no mundo.
A D.P.O.C. é uma doença prevenível e tratável. Os sintomas mais frequentes são tosse crônica, chiado no peito e falta de ar inicialmente aos pequenos esforços, mas que progridem com o passar dos anos.
Por vezes a doença pode ser silenciosa, mas, com frequência os sintomas são pouco valorizados. Sendo uma doença crônica, o seu diagnóstico e acompanhamento são fundamentais. “É muito importante que os tabagistas tenham a consciência da necessidade da avaliação periódica pulmonar (check up) que deve ser feita mesmo sem a presença de sintomas ou mesmo como uma simples tosse atribuída pelo hábito de fumar. Lembra-se aqui que a presença de tosse nunca é normal”, pondera o médico.
Após a avaliação e exame físico detalhados, deve-se realizar uma radiografia simples do tórax e a prova de função pulmonar. Com isso estabelece-se o diagnóstico e sua gravidade, sendo então proposto um tratamento, o qual deve ser sempre baseado nos consensos médicos existentes. Quando em doenças iniciais, o tratamento é feito apenas com a cessação do tabagismo. Nos casos sintomáticos os pacientes necessitam do uso de medicações, acompanhamento, além é claro de parar de fumar.
Nos últimos anos, novas e excelentes medicações já estão em uso no Brasil. “Por ser uma doença crônica e progressiva o mais importante é o seu reconhecimento precoce, a cessação do tabagismo e o uso correto das medicações, pois na sua evolução há um grande prejuízo para a qualidade de vida desses pacientes tanto pela própria doença como as outras que podem ter início ou serem agravadas como a depressão, desnutrição e as doenças cardiovasculares em especial”, conclui dr. Marcelo.
SERVIÇO: Instituto do Pulmão e Sono – av. José Bonifácio, 1.384, em Dracena. Telefone (18) 3822-4223/ 3822-4242.