A Operação Carne Fraca, da Polícia Federal, que investiga denúncias de fraudes nos produtos comercializados por 21 frigoríficos brasileiros não afastou nesta semana o consumidor de Dracena dos açougues e supermercados, conforme informam representantes do setor.
Tanto o açougue quanto o supermercado consultados pela reportagem do JR afirmaram que a carne “in natura”, vendida ao consumidor local e da região, é adquirida de frigoríficos da região que não estão relacionados nas denúncias. A exceção é de uma unidade do Friboi de Andradina, onde ocorre a compra eventualmente pelo açougue.
O principal motivo apontado pelos dois setores do comércio é a fiscalização rígida da carne quando chega ao açougue e no supermercado. “Em referência ao meu comércio não percebemos nenhum efeito o cliente está vindo comprar da mesma forma”, informa o proprietário de um dos açougues na cidade, Gilberto Nascimento.
Ele enfatiza que as denúncias afetam mais os frigoríficos do estado do Paraná de onde não adquire a carne. “A maioria dos fornecedores da região, da cidade de Votuporanga para cá, a exceção é do Friboi de Andradina, de onde compramos uma ou outra vez”, afirma.
INSPEÇÃO – Nascimento informa que a carne adquirida para comercialização é examinada peça por peça antes do desembarque e se houver alguma suspeita da qualidade, não é aceita. “Temos que zelar pelo produto, senão o cliente devolve e não volta mais”, observa.
No supermercado, o responsável pelo açougue, Sílvio Simões, informa que as vendas da carne “in natura” também não foram atingidas nos últimos dias. “Toda carne que chega é examinada no caminhão freezer do frigorífico, fiscalizamos desde a data de validade até as condições de refrigeração no transporte”, detalha o responsável.
Ele informa também que a procedência da carne comercializada na maioria dos supermercados é da região e no caso específico onde trabalha, vem dos frigoríficos de Monte Castelo e do distrito de Montalvão, em Presidente Prudente.
Simões explica que no caso da carne “in natura”, é fácil verificar a qualidade pela cor. A de boa qualidade é avermelhada, ao contrário quando está um pouco opaca.
“A carne ao chegar ao supermercado passa por uma inspeção rígida, o consumidor paga caro pela carne e temos que preservar pela qualidade e segurança, senão ele volta para devolver”, revela. Simões também afirma que o problema atinge mais o Estado do Paraná e não São Paulo.
EMBUTIDOS – Mas quanto aos embutidos, o responsável pelo açougue, faz uma ressalva. “Por enquanto também não está afetando as vendas, mas já ouvi consumidor dizer que não vai mais comprar mortadela e salsicha”, revela.
OPERAÇÃO – Os 21 frigoríficos que estão sendo investigados por supostas fraudes na carne bovina, de frango, suína e derivados, pertencem às empresas BRF (dona da Sadia e Perdigão) e JBS (proprietário da Friboi e Seara).
EXPORTAÇÕES – As investigações de suspeitas das irregularidades na carne brasileira estão refletindo mais no exterior. Ontem, 24, autoridades de Hong Kong decretaram o recolhimento de todas as carnes e derivados procedentes dos 21 frigoríficos brasileiros investigados na Operação Carne Fraca. A medida foi anunciada poucos dias depois de o governo local suspender a importação de carne brasileira sob suspeita.
Ao detalhar a decisão para jornalistas, o secretário para Alimentação e Saúde, KoWing-man, afirmou que as últimas informações fornecidas por autoridades brasileiras sugerem que “o risco à segurança alimentar não pode ser totalmente descartado”.
Até a noite de quinta, 23, pelo menos 14 países, além da União Europeia, tinham suspendido temporária e integralmente a importação de carne brasileira e seus derivados depois que a deflagração da Operação Carne Fraca pela Polícia Federal (PF), na última sexta-feira (17), trouxe à tona suspeitas de irregularidades na produção e fiscalização do setor.