A 58ª Olimpíada Internacional de Matemática (IMO 2017, em inglês) estreará uma premiação especial para mulheres, que passará a fazer parte do calendário permanente do evento. Com representantes de 110 países, a olimpíada acontecerá de 17 a 23 de julho, no Rio de Janeiro.

Sugerido pelo Instituto de Matemática Pura e Aplicada (Impa), o Troféu IMPA Meninas Olímpicas vai premiar as cinco estudantes que mais contribuírem com o resultado de suas equipes, com o objetivo de incentivar a presença feminina na competição.

O diretor do IMPA, Marcelo Viana, estima que cerca de 10% dos participantes da olimpíada sejam mulheres, patamar próximo da realizada em 2016, quando 71 dos 602 competidores eram do sexo feminino. Na delegação brasileira de 2017, por exemplo, não há nenhuma mulher, e a última competidora que representou o Brasil na olimpíada foi Maria Clara Mendes Silva, em 2011 e 2012.

Além dela, somente seis mulheres competiram pelo Brasil na IMO: Leda Braga, em 1983; Maria Célia Paiva de Freitas, em 1988; Fátima Luciana da Rocha, em 1992; Daniele Veras de Andrade, em 1998; Larissa Cavalcanti Queiroz de Lima, em 2002 e 2003; e Deborah Barbosa Alves, em 2010 e 2011.

Marcelo Viana disse que é preciso agir para reverter esse cenário de desequilíbrio. “Esse é um processo que certamente vai demorar um tempo para evoluir, mas a gente tem que agir, porque é um círculo vicioso. Se são poucos os exemplos para elas se inspirarem, as garotas acham que aquilo não é para elas”, disse.

Para o pesquisador, há pressão cultural contrária à presença de mulheres na matemática, graças a uma ideia equivocada de que elas têm mais inclinação para as ciências humanas. “É uma besteira que se perpetua, então, a gente tem que atuar e acreditar que é um processo de médio e longo prazo”.

O número de mulheres na competição ficou estabilizado entre 2011 e 2016, quando oscilou entre 57 e 51 participantes, com altas e baixas. A participação de 71 mulheres em 2016 foi o recorde da competição, que teve no ano passado o maior número de competidores da história. Com esses números, foram 11,8% de atletas mulheres disputando medalhas.