Contundente a capa da Veja da última a semana (13-9), ilustrando com três reportagens a falência do atual modelo político-institucional: 1) “Enfim, cai o sistema petista” (O ex-ministro Palocci torna-se o primeiro membro do PT a abrir a boca e presta um depoimento devastador para Lula); 2) “Os segredos da JBS” (Mensagens de WhatsApp obtidas por Veja sugerem que a empresa negociava sentenças nos tribunais); 3) “A delação de Funaro” (O doleiro conta que Temer sempre soube das roubalheiras do PMDB e recebeu dois repasses de propina). Estamos perplexos perante a confirmação da existência no nosso país de uma corrupção generalizada, envolvendo políticos, magistrados, empresários.
Como ironicamente dizia um amigo brincalhão, é “falta de ignorância” acreditar que o Brasil, ao longo de sua história, passada ou presente, tenha usufruído de um governo verdadeiramente democrático. Por definição, republicano ou democrático deveria ser o governo do povo, pelo povo e para o povo, mas isso nunca aconteceu na nossa realidade. O que tivemos até agora foram profissionais do poder (ditadores ou chefões de partidos) que fizeram da atividade política um meio de vida para se enriquecerem.
Alguém, com um mínimo de conhecimento e discernimento, pode acreditar que o atual sistema político, a chamada democracia “representativa”, está realmente interessada em corresponder aos anseios populares? Estamos cansados de constatar que quem elege nossos governantes são forças econômicas estatais e empresariais que firmam entre si “pactos de sangue” para custear vultosas campanhas eleitorais, comprando os votos de uma maioria desinformada e carente. Daí a formação de currais eleitorais que levam ao poder os corruptos de sempre.
Já passou da hora de superarmos este entulho autoritário, transformando nossa perversa democracia representativa numa democracia “participativa”, onde o poder possa ser exercido mais diretamente pelo povo. Precisaríamos criar mecanismos de controle da autoridade de políticos, magistrados, executivos de cargos governamentais, mediante referendos, plebiscitos, revogações de mandados dos que traíram a confiança do povo, prepondo interesses individuais ou de apadrinhados ao bem da coletividade. Mas é uma ilusão esperar que os atuais parlamentares façam algo neste sentido. Nossa esperança é saber escolher, nas eleições de 2018, gente honesta e competente para realizarmos a sonhada reviravolta.
*Dr. pela USP e Professor Titular pela Unesp.