A Secretaria da Agricultura, Abastecimento e Meio Ambiente de Tupi Paulista em parceria com a Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo realizou palestra sobre o Café Robusta.

O encontro discutiu a inserção do café Robusta na Nova Alta Paulista, pensando em incrementar a renda dos pequenos agricultores e incentivar a diversificação das propriedades, a Secretaria da Agricultura, Abastecimento e Meio Ambiente de Tupi Paulista juntamente com a Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, fez a exposição de suas pesquisas com a cultura do café Robusta durante o encontro realizado no último dia 6, na sala de Reuniões José Fortes, na Prefeitura.

Segundo o pesquisador do Polo Regional de Adamantina da APTA, Fernando Takayuki Nakayama, a Agência, em conjunto com o Centro de Café do Instituto Agronômico (IAC-APTA), desenvolve há dez anos pesquisas para selecionar clones de café robustas adaptados as condições paulistas. A ideia é incentivar o cultivo de alta qualidade para atender a demanda das indústrias de torrefação. “Atualmente, os maiores produtores desse tipo de café são Espírito Santo e Rondônia. Porém, grande parte da produção desses Estados vem para São Paulo para ser processada pelas indústrias ou para ser exportada. Diante desse cenário, por que não produzir robusta em terras paulistas?”, questiona o pesquisador.

As pesquisas da Agência objetivam selecionar clones de café robusta de alta qualidade adaptadas as condições de clima, altitude e solo do Estado de São Paulo. “Em 2008, trouxemos os melhores materiais de robusta cultivados no Espírito Santo para São Paulo. Selecionamos seis clones e fizemos o cruzamento com a IAC 2258, desenvolvida pelo Instituto Agronômico. Esperamos disponibilizar para o setor um novo clone em breve”, afirma.
O trabalho tem sido realizado em conjunto com agricultores familiares do Oeste Paulista, uma região com temperaturas médias de 23ºC e altitude de 400 metros, condições ideias para o cultivo do robusta. O robusta traz uma nova opção de renda para os pequenos agricultores da nossa região.

 

QUALIDADE ELEVADA – De acordo com dados da Associação Brasileira da Indústria de Café (ABIC), a demanda das empresas de torrefação por grãos robustas cresceu nos últimos anos devido ao aumento nas percentagens de blends. Em 2016, a proporção era de 10% a 15% de robusta, hoje chega a 35% 40% com tendência de aumento no Brasil. O cenário também se repete em outros países, como Inglaterra e China que triplicou o consumo nos últimos seis anos, locais com forte consumo do robusta.

“O arábica sempre foi visto como um café de alta qualidade e o robusta de baixa, usado apenas para a produção de café solúvel. Atualmente, essa situação tem mudado. As grandes empresas de torrefação, que produz café de qualidade, tem feito blends de robusta e arábica. Em 2010, por exemplo, a Nespresso lançou o KAZAAR, um café considerado intenso e denso e produzido com mais de 70% de robusta. Isso foi um marco para o setor, pois mostrou que o robusta pode ter boa qualidade”, afirma o pesquisador da APTA.
Nakayama explica que o café robusta tem como característica intensidade de sabor e cremosidade, por isso, tem sido tão procurados pela indústria de capsulas, já que além dos blends com arábica, também pode ser usado para os chamados “café 3 em 1”, como os cappuccinos.

Com a demanda aquecida, o preço pago aos produtores também cresceu, principalmente para os cafés produzidos em São Paulo. “Os produtores paulistas conseguiram vender sua produção a um valor acima da cotação geral do Espírito Santo. Isso se deve a melhor qualidade, mas também a logística. Para trazer o robusta do Espírito Santo e de Rondônia para o São Paulo, as empresas chegam a gastar até R$ 100,00, por saca. Com isso, elas preferem pagar mais por um produto de boa qualidade produzido em São Paulo”, explica o pesquisador.

Manejo ainda é gargalo da produção

O manejo do robusta ainda é considerado um gargalo, segundo Nakayama. As plantas vegetam mais, possuem mais folhas e brotos, necessitando de mais mão de obra, além da colheita não ser totalmente mecanizada. “Por isso, estamos focando nosso trabalho nos pequenos produtores, já que a colheita do café não coincide com a de outras culturas e a produção pode ser estocada podendo esperar o momento oportuno para a comercialização, se tornando uma ótima alternativa na diversificação produtiva da propriedade”, afirma.