Uma investigação guardada a sete chaves pelo governo de São Paulo aponta que o PCC (Primeiro Comando da Capital) estava se preparando para tentar resgatar Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, nos próximos dias. Ele é considerado o principal líder da maior facção criminosa do país.
A investigação sobre o plano de resgate ocorreu em conjunto entre órgãos estaduais e federais. O levantamento foi protocolado e enviado ao governador Márcio França (PSB) nesta quarta-feira (31). A apuração aponta que o PCC gastou cerca de R$ 100 milhões na contratação de mercenários, além de armas de grosso calibre, granadas e duas aeronaves.
Condenado a 232 anos e 11 meses de prisão por formação de quadrilha, roubo, tráfico de drogas e homicídio, Marcola e parte da cúpula do PCC estão presos na Penitenciária 2 de Presidente Venceslau, a 600 km da capital paulista. É de lá que, segundo apuração do MP (Ministério Público) e Polícia Civil, a facção se organiza e administra o crime organizado.
Num período de quatro meses, esta seria a terceira vez que a facção tenta capturar o líder do grupo. Em julho deste ano, a PM (Polícia Militar) descobriu que os criminosos tentariam resgatá-lo com um caminhão blindado. Em outubro, a Polícia Civil descobriu um plano do grupo para explodir e metralhar os muros da penitenciária para permitir a fuga.
Desta vez, a facção teria sido mais estratégica. Segundo os órgãos estaduais e federais, o PCC teria contratado mercenários, de forças paramilitares iranianas, nigerianas, além de membros das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia). Não se sabe, ao certo, como se daria a fuga, nem a data que ela ocorreria.
No entanto, a investigação apontou que a facção utilizaria duas aeronaves, além de granadas, metralhadoras de calibre .50 e fuzis. Havia, também, um planejamento para impedir saídas de policiais dos quartéis da região e do helicóptero da PM, com saturação de disparos de fuzis.
Também estavam previstas obstruções de rodovias estratégicas com carros de grande porte.
A reportagem apurou que um promotor do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) de Presidente Venceslau esteve com representantes da SAP (Secretaria da Administração Penitenciária), nesta quarta-feira, em reunião para tratar o assunto.
Lá, o promotor pôde observar imagens feitas por agentes estaduais que mostram drones pilotados por membros da facção. As imagens desses drones, segundo a investigação, seriam utilizados para o planejamento da fuga de Marcola. O promotor, que pediu para não ser identificado, afirmou que não está autorizado a falar sobre o assunto.
Procurada, a SAP não se manifestou sobre o assunto até a publicação desta reportagem.
O deputado federal Major Olimpio (PSL-SP), eleito senador este ano, assinou um ofício, destinado ao governador, pedindo o envio das Forças Armadas para Presidente Venceslau e região “para que se evite a ação criminosa acima relatada, que busca por em liberdade criminosos”, escreveu.
“Uma ação desta natureza pelo volume da violência planejada e sua agressividade bélica poderá levar a inúmeras mortes de policiais e agentes penitenciários, bem como da população local”, complementou o parlamentar no ofício assinado nesta quarta-feira.
A reportagem também entrou em contato com o governo de São Paulo e diretamente com o governador. Até esta publicação, não houve retorno.
Portal Bueno com informações do Portal UOL.