Fãs, parentes e amigos se despediram do ator e humorista durante em velório que ocorreu durante toda a manhã desta segunda. Lúcio Mauro morreu no fim da noite de sábado (11) aos 92 anos.
O corpo do ator e humorista Lúcio Mauro seguiu para a cremação no Cemitério do Caju, na Zona Portuária do Rio, por volta das 14h, após velório que ocorreu ocorreu durante a manhã no Theatro Municipal, no Centro.
A cerimônia de cremação, marcada para 17h, será restrita para a família. O ator e humorista morreu no fim da noite de sábado (11) aos 92 anos. Ele estava internado na Clínica São Vicente com problemas respiratórios.
O filho de Lúcio Mauro, o também ator Lúcio Mauro Filho, afirmou que o pai cumpriu sua missão e precisava descansar.
“TEM UM HOMEM DE 92 ANOS INDO NA HORA CERTA E DEIXANDO UMA MENSAGEM DE AMOR PELOS HOMENS, PELO SER HUMANO E PELO PAÍS”, DISSE O FILHO DO ATOR.
Segundo ele, o pai permanece vivo no exemplo que deu para os filhos.
“Um artista como ele é eterno, permanece vivo pela obra dele gigantesca. Ele permanece vivo nos filhos, que amaram tanto ele, nos netos amorosos. Ele teve a sorte de conhecer a nova neta. A gente teve essa dádiva de uma pessoa chegando enquanto outra tá indo”.
Ainda segundo Lúcio, apesar de ser do Norte do país, o pai também tinha muito amor pelo Rio.
“Ele tinha muito amor por essa cidade. Quando sofreu o AVC, há 3 anos, a cidade dava o último suspiro. Fico feliz que ele não presenciou o que restou da cidade. Cabe agora a nós essa tarefa de reerguer a cidade, o país”, enfatizou Lúcio, referindo-se aos escândalos de corrupção e prisões de ex-governadores do Rio de Janeiro.
O humorista Fábio Porchat disse que aprendeu muito com Lúcio Mauro.
“Se a gente tá aqui hoje é por conta do Lúcio. É um cara que fez do humor a sua vida e a nossa vida também como espectador e a minha como comediante. Eu acho que um grande mestre quando vai, ainda fica. E ele tá aqui, tá em mim. Eu fico triste que ele se foi, mas fico reconfortado porque ele foi descansar. Fico feliz de poder estar aqui junto com a família”, disse.
Muito emocionada, a atriz Heloísa Périssé afirmou que “a família dele é como se fosse a minha família”. “Quando nós estávamos na ‘Escolinha’, eu tive a grande oportunidade de estar com esses grandes mestres e, mais tarde, com o Lúcio contracenar. Eu tinha amor e tenho amor por ele.”
“VOCÊ SABE QUE A PESSOA DESCANSA, VOCÊ DESEJA O MELHOR, MAS A ÚLTIMA COISA QUE PERMANECE AGORA É ESSE AMOR E EU DESEJO QUE ELE AGORA ESTEJA MUITO EM PAZ”, DISSE.
Diretora da “Escolinha do Professor Raimundo”, Cininha de Paula disse que as gravações da 5ª temporada começam nesta terça (14).
“Poxa, Lúcio, podia ter esperado mais um pouquinho para me ajudar”, disse, emocionada.
O ator Selton Mello lembrou que teve oportunidade de trabalhar com Lúcio Mauro e disse que o país sentirá falta de um artista do nível dele.
“Eu assistia à ‘Escolinha do Professor Raimundo’ para ver o Lúcio. Às vezes, eu ficava assistindo a escolinha por horas e pensava “ué, cadê o Vigário?” Que era o melhor de todos. Lúcio era um camarada adorável, que gostava de tomar o uísquezinho dele depois do trabalho. É uma grande pessoa, um grande artista que o Brasil perde aqui”, afirmou Selton.
Outro momento emocionante do velório foi a presença da atriz Cláudia Rodrigues. Ela foi levantada da cadeira de rodas para dar um último beijo em Lúcio Mauro, amparada por Lúcio Mauro Filho.
Estreia na Globo em 1966
Lúcio de Barros Barbalho, mais conhecido como Lúcio Mauro, nasceu em Belém do Pará, no dia 14 de março de 1927. Estreou na Globo em 1966, ao lado de Soares, Agildo Ribeiro, Paulo Silvino e outros, sob direção de Augusto César Vannucci.
O ator integrou o elenco de alguns dos principais programas de humor da emissora, como “Chico City” (1973), “Os Trapalhões” (1989) e “Escolinha do Professor Raimundo” (1990).
Lúcio Mauro participou da criação, dirigiu e atuou em outras dezenas de programas de humor na televisão, com destaque para “Balança Mas Não Cai” (1968), escrito por Max Nunes e Haroldo Barbosa, e transmitido, ao vivo, até 1971.
O programa tinha o quadro Ofélia e Fernandinho, estrelado por Lúcio e Sônia Mamede (1936-1990).
Trabalhou no musical “Viva a Revista!” (1969) e foi ator e diretor do programa de humor “Uau, a Companhia” (1972). Quando “Balança Mas Não Cai” foi para a TV Tupi, nos anos 1970, ele acompanhou os colegas do programa e deixou a Globo por um tempo.
Voltou para integrar o elenco de “Chico City” no fim da década. Ficou marcado como o diretor do ator canastrão Alberto Roberto, interpretado por Chico Anysio.
Em seguida, voltou a dirigir e atuar na nova versão de “Balança Mas Não Cai” (1982) na Globo, sendo também diretor de “A Festa é Nossa”, semanal que tinha como cenário fixo a cobertura de Ofélia e Fernandinho.
Aldemar Vigário
Ainda na década de 1980, Lúcio Mauro participou de “Chico Anysio Show” (1982) e “Os Trapalhões” (1989), revivendo com Nádia Maria a dupla Fernandinho e Ofélia. Em 1983, interpretou o médium Chico Xavier no “Caso Verdade Chico Xavier, um Infinito Amor”.
Em 1988, fez uma participação na minissérie “O Pagador de Promessas”, de Dias Gomes, como Dr. Quindim.
Na década de 1990, viveu Aldemar Vigário, da “Escolinha do Professor Raimundo”, sempre bajulando o professor interpretado por Chico Anysio. Trabalhou em um episódio de “Você Decide” (1992), foi do elenco de “Malhação” (1995), atuando como Dr. Palhares, pai do Mocotó (André Marques), e atuou na novela infantil “Caça-Talentos” (1996), com Angélica.
Em seguida, integrou o elenco de “Chico Total” (1996). Em 1998, encarnou o bicheiro mafioso Neca do Abaeté na minissérie “Dona Flor e Seus Dois Maridos”, escrita por Dias Gomes com base no romance de Jorge Amado.
Lúcio Mauro também viveu o advogado Nonato na segunda versão da novela “Pecado Capital”, de Glória Perez com base no original de Janete Clair; atuou em um episódio de “Sai de Baixo”; e participou em “Meu Bem Querer”, de Ricardo Linhares.
A partir de 1999, Lúcio Mauro retomou personagens em “Zorra Total”. Refez o quadro Fernandinho e Ofélia, desta vez com Claudia Rodrigues. Também integrava o elenco do programa de seu filho, o ator Lúcio Mauro Filho.
Em março de 2001, o humorista voltou à nova temporada da “Escolinha do Professor Raimundo”, vivendo o popular Aldemar Vigário.
Nesta década, participou de “Os Normais”, “A Grande Família”, “A Diarista”, “Sob Nova Direção”, “Programa Novo”, “Faça a Sua História” e “Zorra Total”. Neste último, em 2012, viveu o personagem Ataliba, um vovô surfista, amigo de Gumercindo (José Santa Cruz), um senhor skatista. Os dois tentavam conquistar moças no vagão do Metrô Zorra Total. A dupla reviveu a parceria da estreia de Lúcio Mauro em humor na TV, em 1960.
Em 2007, participou de “Paraíso Tropical”, de Gilberto Braga, como Veloso. Em 2008, esteve na série “Casos e Acasos” e na novela “A Favorita”, de João Emanuel de Carneiro, no papel de Sabiá.
No remake de “Gabriela” (2012), viveu Eustáquio. No penúltimo episódio de “A Grande Família” (2014), Lúcio Mauro interpretou Rui, um amigo de Agostinho Carrara (Pedro Cardoso).
Sua filmografia tem “Terra sem Deus” (1963), de José Carlos Burle; “007 ½ no carnaval” (1966), de Victor Lima; “Redentor” (2004), de Claudio Torres; “Cleópatra” (2008), de Júlio Bressane; e “Muita Calma Nessa Hora” (2010), de Felipe Joffily.
Em 2008, o humorista estreou a peça “Lúcio 80-30”, dividindo o palco com Lúcio Mauro Filho, autor e diretor do espetáculo, e com outros dois filhos, Alexandre Barbalho e Luly Barbalho.