Outro dia, numa roda de conversa, uma pessoa  relatou uma história de um conhecido que antes de dormir sempre deixa os documentos pessoais separados próximos a cama, além dos sapatos e uma muda de roupa para que, caso passe mal, não haja perda de tempo para ser levado a um hospital.

Ouvir um relato assim causa estranheza para a maioria das pessoas que não compreende este comportamento  e o classificam como anormal. Porém, o que ocorre é que esta pessoa já sofreu um ataque de pânico e, por esta razão, está sempre alarmada para uma situação de perigo.

A Síndrome do Pânico é um quadro com características muito peculiares e a sensação iminente de morte é o sintoma mais difícil de lidar.  Normalmente a pessoa tem uma dor forte na região torácica, que surge do nada, acompanhada de palpitações, sensação de falta de ar, tontura,  formigamento, dormência no corpo e, o medo intenso de morrer. O quadro é tão aflitivo, tanto para o paciente como para quem presencia, que é comum leva-lo ao pronto socorro que, muitas vezes, por não encontrarem causa orgânica que justificam o quadro, muitos são diagnosticados como um distúrbio neurovegetativo, o conhecido “piti”. Isto acaba constrangendo paciente que se sente incompreendido.

Tais pacientes passam a desenvolver um comportamento fóbico bastante característico. Alguns temem ficar preso no trânsito, passam a evitar locais com muitas pessoas como shoppings, festas, ou, quando não podem evitá-los o fazem da forma mais breve possível. Até em casa temem ficar sozinhos pois, caso passem mal, podem não ser socorridos a tempo. É possível até rejeitarem viagens, mesmo acompanhados, por receio de não conseguir assistência durante o trajeto.

Estes pacientes conseguem compreender que seus medos são irracionais, porém não conseguem se livrar da crença que estão em constante perigo, o que limita sua vida diária, restringindo a qualidade da mesma.

É preciso ainda orientar a família sobre o quadro, uma vez que os pacientes alteram a dinâmica familiar, pois solicitam que os parentes os acompanhem aos lugares que consideram perigosos. Isto provoca irritação nestes familiares, já que também os limitam de suas atividades.

O tratamento inclui medicação e a psicoterapia que visa modificar a maneira como o pensamento e o comportamento ocorrem, objetivando a redução do grau de ansiedade. A impotência de solucionar o problema e o sentimento de incompreensão por parte daqueles que o paciente convive, desencadeia outros sintomas como o sentimento de culpa e a baixa autoestima que repercute negativamente em sua vida, de uma maneira geral, levando ao uso de álcool ou drogas como formas de enfrentamento, porém, disfuncionais.

Joselene L. Alvim- psicóloga