Excelência em bariátrica, o Hospital Amaral Carvalho (HAC) comemora a realização de mais de mil cirurgias a pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS), em nove anos. Considerada referência no interior paulista pela Diretoria Regional de Saúde de Bauru, a instituição localizada em Jaú/SP mantém importante programa de preparo e acompanhamento de obesos com indicação para tratamento cirúrgico. Procedimento também é feito pelo hospital por meio de convênios e atendimento particular, desde 2004.

Popularmente conhecida como redução de estômago, a bariátrica é indicada a pessoas com obesidade grave e/ou com doenças associadas ao excesso de peso, como diabete e hipertensão. Em maio de 2010, o HAC efetuou a primeira operação desse pelo SUS e, neste ano, ultrapassou a marca de mil cirurgias. “Tivemos um crescimento considerável, de oito procedimentos por mês, no início do programa, para uma médica de 18, atualmente. Sem contar as cirurgias particulares e por convênios privados, que chegam a 10 por mês”, comenta o cirurgião bariátrico Celso Passeri.

O Serviço de Cirurgia Bariátrica e Metabólica do HAC já atendeu quase dois mil pacientes do SUS, no entanto, nem todos foram submetidos à cirurgia, por isso, o médico enfatiza a importância do comprometimento do indivíduo. “Alguns perderam peso suficiente apenas com a mudança de hábitos, outros não aderiram às orientações, como abandonar o vício de cigarro ou bebidas, e não tiveram indicação para realizar a bariátrica”.

O especialista afirma que os resultados são ótimos, graças ao importante trabalho conjunto de um time multiprofissional, composto por nutricionista, psicóloga, assistente social, terapeuta ocupacional, endocrinologista, enfermeiros, psiquiatra, cirurgião plástico e cirurgiões bariátricos. “Nossa abordagem é um intensivo preparo e acompanhamento do paciente por toda a equipe no pré e pós-operatório. Se não tiver esse respaldo e os cuidados necessários, por ser uma doença crônica, a obesidade pode voltar”, destaca.

O técnico em enfermagem Alexandre de Oliveira (45), que passou pela bariátrica número mil pelo SUS, sabe da importância dessa assistência. Ele conta que, com as consultas prévias à operação, em pouco menos de um ano, conseguiu eliminar 25 kg. “Uma grande vitória, uma mudança de vida. Eu nunca quis fazer cirurgia, mas cheguei a um ponto em que tive que procurar ajuda e o acolhimento no HAC está sendo incrível. Não é fácil, o procedimento é, na verdade, apenas 50% do processo. O tratamento envolve muitas particularidades de cada caso, como saber lidar com a ansiedade, por exemplo, e estou conseguindo superar a cada dia. Agradeço à equipe pelo apoio”, ressaltou.

Desafios

Para Passeri, o grande volume de cirurgias e o amadurecimento e qualificação da equipe possibilitaram o desenvolvimento do serviço de referência. “Nosso foco é preparar o paciente, orientá-lo e acompanhá-lo durante todo o processo, garantindo sua segurança”.

O médico lembra que há muitos desafios na área de atuação, de maneira geral. “Torcemos pela liberação da cirurgia por vídeo para o SUS, já que a mesma é realizada para convênios e particulares, assim como a agilização das cirurgias reparadoras. Sabemos que os recursos são escassos, por isso precisam ser bem aplicados. Ainda assim, no cenário nacional, nos destacamos por oferecer atendimento de qualidade, com baixo custo e com resolutividade”.

Destaque

No HAC, depois de operado, o paciente tem acompanhamento permanente. De acordo com Passeri, o governo Federal preconiza uma linha de cuidados ao obeso, que começa com a prevenção na infância (desde a alimentação na escola) até a oferta de cirurgia. “Dois anos após o procedimento, o paciente deveria retornar ao serviço de origem para assistência, mas como muitos municípios não têm estrutura multiprofissional para recebê-los, o atendimento continua pelo Hospital Amaral Carvalho”, explica.

O seguimento de pessoas com quase dez anos de cirurgia possibilitou ao HAC o desenvolvimento de um extenso e rico banco de dados. Logo no início das atividades, o caráter interdisciplinar motivou o armazenamento das informações em prontuário eletrônico para agilizar o processo de comunicação entre os profissionais e toda evolução dos atendimentos passou a ser lançada nesse sistema, em tempo real. “Esse modelo se expandiu aos demais departamentos do próprio hospital, com o prontuário eletrônico, e nos inseriu em um grupo restrito de unidades que possuem essa quantidade e qualidade de informações clínicas em cirurgia bariátrica. “Como consequência deste trabalho, recentemente fomos um dos seis centros do Brasil convidados pela Johnson e Johnson para integrar um banco de dados da especialidade para a América Latina, que servirá de apoio para discussão de políticas de saúde nesta área”, conta orgulhoso o cirurgião.

Destaque também em ensino e pesquisa, o serviço de cirurgia bariátrica e metabólica do Hospital Amaral Carvalho, além dos trabalhos já desenvolvidos de pós-graduação com alunos de universidades renomadas, como a USP e Unesp, em breve, iniciará o treinamento de médicos residentes na área de atuação. “Estamos aguardando uma vistoria do Ministério da Educação para iniciar processo seletivo para residência médica em bariátrica, previsto para 2020”, adianta Passeri.

O técnico em enfermagem Alexandre de Oliveira (45), que passou pela bariátrica número mil pelo SUS, está feliz da vida. “O tratamento envolve muitas particularidades de cada caso, como saber lidar com a ansiedade, por exemplo, e estou conseguindo superar a cada dia. Agradeço à equipe pelo apoio”, comentou