Você conhece o urucum? Caso não conheça, tenho certeza que sabe o que é colorau. Pois é, o urucum é a matéria prima para se fazer esse condimento muito usado na cozinha do brasileiro. O urucum é o fruto do urucuzeiro ou urucueiro, arvoreta da família das bixáceas, nativa na América tropical, que chega a atingir altura de até seis metros. Apresenta grandes folhas de cor verde-claro e flores rosadas com muitos estames.

O problema atual é que o mercado de urucum vem tendo uma queda significativa. Relatos de produtores locais que não quiseram se identificar dão conta que nos próximos anos a perspectiva é de erradicação total dessa produção.

O que se explica esse fato é a abundância de produção nos anos anteriores. O mercado, após a recessão de 2016 passou a não mais absorver. Produtores relatam que em 2017 o quilo de sementes de urucum era vendido por cerca de R$12,00, este ano, o produto está sendo vendido por apenas R$2,00. O que resultou em uma fuga de agricultores, muitos deles parando de produzir o urucum.

Alex Romeu é gerente agrícola de uma empresa do ramo. Responsável pela distribuição da semente em Dracena, ele explica como funciona o processo. “Temos uma lavoura em Nova Alvorada do Sul (MS) (cidade cerca de 350 quilômetros distante de Dracena). Por lá é feito todo o processo de plantação da árvore e colheita da semente. Ele chega aqui na nossa mão com muitas impurezas. Aqui em Dracena ele é limpo, chegando a 99% puro”, explica Romeu. A colheita do urucum acontece três vezes ao ano, quando a lavoura é do urucum-anão e uma vez por ano quando a semente é extraída do urucum normal.

Segundo o especialista, da semente é retirado a bixina, substancia química de cor vermelha. “Nossa empresa faz o processamento da semente em nossa fábrica em Nova Alvorada do Sul (MS). Aqui em Dracena a gente envaza e distribui para outras localidades”, disse Romeu.

De acordo com ele, o produto final é distribuído para alguns estados brasileiros. Outra curiosidade que eu sempre falo é de onde usam esse produto. Aquela cor vermelha da salsicha, por exemplo, vem da semente do urucum”, ressaltou.

Ele também comentou sobre o mercado do urucum. “Hoje o mercado se encontra de fato no chão. Não tem como piorar. Justamente por estar muito ruim espero que no futuro tenhamos uma melhora. A nossa esperança é que dessa vez o mercado se estabilize. Ainda sobra oferta de urucum, mas nos próximos anos ela vai faltar. Ai novamente o mercado passa a ser valorizado”, explicou Romeu.

Além disso, Romeu disse que algumas normas da OMS (Organização Mundial da Saúde) podem ser estabelecidas, o que irá auxiliar o mercado do produto. “A OMS já proibiu corante artificial, isso pode ser bom para quem se manter no mercado”, finaliza Romeu.