O presidente da Câmara dos
Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ),
disse ontem, 27 que é importante a
decisão do governo federal de oferecer
uma linha de crédito emergencial de
R$ 20 bilhões para pequenas e médias
empresas, como forma de apoiá-las
durante a situação de calamidade
pública em virtude da pandemia causada pelo novo coronavírus (covid-19).
Maia, entretanto, disse que a iniciativa
foi “tímida” e pediu que o governo também apresente soluções para outros
setores da sociedade.
“O [presidente do Banco Central]
Roberto Campos Neto tem tomado
algumas decisões para que se possa
garantir a liquidez de pequenas e
médias empresas com crédito represado…estamos trabalhando com os
bancos, estamos acompanhando
essa linha de empréstimo, esses R$
20 bilhões [por mês] já é um começo
e isso deve chegar muito rápido na
conta das empresas e na conta dos
funcionário, mas vamos ter que esperar o resto das medidas. Uma coisa é
anúncio e outra coisa é o resultado”,
disse Maia durante participação em
uma videoconferência com empresários realizada pelo Grupo Lide.
Ontem, o governo federal anunciou
uma linha de crédito para financiar a
folha de pagamentos de pequenas
e médias empresas. De acordo com
o governo, a linha de financiamento
deve beneficiar 1,4 milhão de empresas, atingindo 12,2 milhões de trabalhadores. O crédito será destinado
a empresas com faturamento anual
entre R$ 360 mil a R$ 10 milhões e
vai financiar dois meses da folha de
pagamento.
Maia questionou a ausência de
medidas para outros segmentos
como as grandes empresas. Voltou a
falar sobre a proposta de Emenda à
Constituição que cria um Orçamento
paralelo para este ano, a ser aplicado
em ações de combate ao coronavírus. Ele disse que esperar chegar a
um entendimento na próxima semana
com os líderes partidários a respeito
do tema. Pela proposta, os recursos
aplicados no combate ao coronavírus
não serão incluídos no Orçamento de
2020 aprovado no final do ano passado pelo Congresso, o que diminuiria o
impacto fiscal.
O presidente da Câmara disse que
ainda não é o momento para liberar a
circulação de pessoas e voltou a defender o isolamento social como medida
para evitar a expansão do vírus. De
acordo com Maia, a medida ajuda a
evitar um possível colapso do sistema de saúde, o que poderia gerar
um impacto ainda maior na economia. “Ou a gente vai seguir as decisões corretas do resto do mundo ou
vamos navegar no escuro”, disse.
Maia também propôs que o presidente Jair Bolsonaro se reúna
com os chefes dos outros poderes
e representantes dos governadores
para reabrir o diálogo. Segundo
Maia, é preciso uma resposta coesa
para o enfrentamento do vírus para
evitar que um Poder “atropele o
outro”.
“Se tivesse tudo organizado, a
questão dos empregos, da suspensão de impostos, a questão
dos aluguéis, dos vulneráveis; se
tudo tivesse em um pacote só,
esses conflitos não existiriam, porque todos estariam organizados [no
enfrentamento da pandemia]”, disse
o presidente da Câmara.