A citricultura paulista, que em 2019 foi uma das principais culturas geradoras de emprego do Estado de São Paulo, com 46,7 mil admissões segundo dados do CAGED, também tem se mostrado um verdadeiro patrimônio ambiental. Um levantamento feito pelo Fundecitrus, centro de pesquisa que reúne produtores e indústria, mostra que nos últimos 30 anos o setor reduziu em 40% a sua área produtiva, que considera apenas áreas com árvores em produção, passando de 631 mil hectares em 1988 para 376 mil hectares na atual safra. No mesmo período, a produtividade passou de 13,75 toneladas por hectare para uma média de 42,64 toneladas de laranja por hectare, um salto de 210%.  “Nos últimos anos a citricultura tem evoluído com uso de tecnologias e sistemas de plantio mais eficientes, o que permitiu aumentar a produção, utilizando menos recursos naturais”, explica o diretor-executivo da CitrusBR, Ibiapaba Netto.

Com uma produção mais eficiente, o setor conseguiu garantir uma produção em harmonia com a biodiversidade.  Dados do Fundecitrus, cruzados com informações do Cadastro Ambiental Rural (CAR) e do IBGE, mostram que na safra 2019/2020 as propriedades com citrus somavam 181.750 hectares de mata nativa. Considerando que a área total plantada com laranjas, que abrange regiões com árvores produtivas e também os plantios jovens que ainda não estão em produção, é de 459.058 hectares, é possível observar que para cada 2,52 hectares plantados com citrus, 1 hectares é ocupado com área de floresta.

Outro aspecto que mostra a sustentabilidade do setor é a produção consorciada com mel. Nos últimos 10 anos, a produção de mel nas áreas de laranja do Estado de São Paulo cresceu 136%. Com uso de tecnologias e aplicação racional de defensivos químicos, o mel produzido nessa área corresponde atualmente a 84% da produção paulista do produto.

Na área do Escritório de Desenvolvimento Rural (EDR) de Dracena levantamento aponta que em 2019, a produção da laranja para indústria atingiu 5.296 toneladas, cujo valor da produção alcançou R$ 103.642,72; já a laranja para mesa resultou em uma produção de 1.201 tonelada, e o valor de R$ 30.277,21.

O cuidado com a natureza não tirou a competividade da cadeia produtiva. Na última safra o volume produzido foi de 376 mil caixas de laranja de 40,8kg, de acordo com o Fundecitrus. Isso representa um crescimento de produção de 80% ante as 213 milhões de caixas produzidas em 1988. “A citricultura paulista hoje possui um modelo sustentável que permite conciliar a proteção ao meio ambiente com a produção em alta escala que permite o Brasil responder por 31% da produção mundial de laranja , 58% da produção mundial de suco de laranja e 74% do comércio internacional de suco de laranja”, ressalta Netto