Dracena registrou até quinta-feira, 8, 3.036 casos positivos de dengue. No balanço da Vigilância Epidemiológica (VE) todos os meses deste ano tiveram confirmações da doença, ainda foram registrados 3 óbitos decorrentes da doença.

Março foi o mês que teve mais casos confirmados chegando a 1.056 pessoas doentes; depois abril com 784 positivos; fevereiro houve 578 confirmações de dengue. Maio foram 259 exames positivos; janeiro 241; junho 66 positivos; julho 19; agosto 11; setembro 16 e nestes primeiros dias de outubro até o dia 8 foram seis confirmações.

De acordo com o Ministério da Saúde, o sorotipo 2 da dengue ainda é o mais predominante no país, presente em 79,2% das amostras. Desde 2019, esta cepa da dengue é a responsável por surtos da doença no país, que atingiram com força os estados de São Paulo, Minas Gerais e Goiás, em um primeiro momento. No entanto, a maior presença do sorotipo 1 pode se estender a outros estados.

Segundo Claudio Maierovitch, médico sanitarista da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), a ocorrência dengue este ano foi muito alta novamente, embora pouco divulgada devido à pandemia da Covid-19. Ele avalia a circulação dos sorotipos 1 e 2 no país.

“Em 2020, o Brasil vive mais uma epidemia de dengue. Essa foi a continuidade do sorotipo 2 do vírus que já circulou em 2019 e também volta à circulação do sorotipo 1. Muito provável que no ano que vem esses dois sorotipos continuem a circular intensamente”, projeta.

Sorotipos

O vírus da dengue tem quatro subtipos: sorotipos 1, 2, 3 e 4. Isso significa que uma pessoa pode ter a doença até quatro vezes durante a vida, já que só fica imune de forma consistente ao tipo que a contaminou, explica Augusto Penalva, médico e pesquisador do Instituto Emílio Ribas. “As pessoas podem se contaminar pelos quatro sorotipos em momentos diferentes. Existe uma imunidade específica para o sorotipo, ou seja, o indivíduo faz uma imunidade sustentada pelo sorotipo que contaminou, mas faz uma imunidade cruzada, transitória e curta”.

Isso significa que uma pessoa que foi contaminada pelo sorotipo 1 da dengue, por exemplo, fica imune aos demais sorotipos por um curto período, podendo ter contato com eles e adoecer novamente no futuro. As quatro cepas costumam se alternar na circulação pelo país, com predominância de uma ou outra a cada ano. Após o sorotipo 2 ter infectado muitas pessoas e ainda estar bastante presente, a reinserção do sorotipo 1 tende a ser danosa, sobretudo para as populações que ainda não tiveram contato com ele.

“Mesmo que muitas pessoas tenham a doença, nós corremos o risco de a cada ano ter novas epidemias. É bem provável que, no próximo ano, no período de verão e início de outono, sejamos assolados novamente”, avalia Maierovitch.
Penalva alerta que, embora para a maioria das pessoas a dengue tenha um desfecho favorável, ou seja, a cura, ela pode evoluir para um quadro mais grave e até levar à morte. “Há uma tendência de maior gravidade quando a pessoa é infectada pela segunda vez. Algumas podem ter um quadro mais grave, principalmente a dengue hemorrágica. Geralmente, pode ter um desfecho fatal”, afirma.

Condições favoráveis

Com a proximidade do verão, estação que se caracteriza pelas chuvas e temperaturas mais altas, o mosquito Aedes Aegypti, transmissor da dengue, deve encontrar as condições ideais para se reproduzir, afirmam os especialistas. “O aumento da temperatura, da umidade e das chuvas sempre está relacionado a um maior risco”, diz Penalva. Ele complementa: “quando começam as estações de chuva e calor, há um grande aumento da disseminação da doença. Isso é um grande risco que temos e todos os verões isso acontece.”

Maierovitch destaca que a situação só tende a melhorar com o início das estações mais frias e secas.

Prevenção

Para as autoridades e especialistas no tema, a proatividade da população é muito mais eficaz do que o próprio governo para impedir a proliferação do mosquito da dengue e diminuir o número de casos e mortes pela doença no país. Isso porque, cerca de 80% dos focos do mosquito estão dentro das residências.

Cabe, então, a cada cidadão fazer a sua parte, eliminando os criadouros do Aedes, exemplifica Maierovitch.