A relevância do diagnóstico de gestação em gado de corte

Exame que avalia aspectos clínicos e reprodutivos deve ser realizado por profissional habilitado

A relevância do diagnóstico de gestação em gado de corte

Alessandra Corallo Nicacio (Pesquisadora da Embrapa Gado de Corte)

Primeiramente é válido dizer que o diagnóstico de gestação (DG) não é uma prática obrigatória, mas é altamente recomendada. Trata-se de um importante procedimento para orientar o manejo em uma propriedade de gado de corte. A partir dele, é possível obter informações sobre aspectos reprodutivos e produtivos importantes, como índice de prenhez, estimar perdas gestacionais e direcionar descartes. Além disso, de posse dessas informações, é possível identificar possíveis problemas, permitindo atuar diretamente nas causas, melhorando a produtividade da propriedade.

O DG pode ser feito de diferentes formas e em diferentes momentos. Mas é um exame clínico, que avalia aspectos clínicos e reprodutivos e, por isso, deve ser realizado por profissional devidamente habilitado para tal: o médico-veterinário. Para diagnosticar a existência ou não da prenhez, o médico-veterinário avalia todo o trato reprodutivo, analisando outros aspectos clínicos e reprodutivos e não apenas a prenhez.

Em relação aos aspectos práticos de execução, existem duas maneiras de realizar o DG: palpação retal simples ou palpação retal com auxílio de aparelho de ultrassonografia. A palpação retal simples pode ser realizada a partir de 45 dias do acasalamento e permite estimar o tempo de gestação. Já a palpação retal com auxílio de ultrassonografia pode ser realizada 25 dias após o acasalamento e permite, além da estimativa de tempo de gestação, avaliar a viabilidade fetal, bem como realizar a sexagem fetal (ao redor dos 60 dias de gestação).

Caso a vaca não esteja prenhe, realiza-se o exame ginecológico para saber a sua condição reprodutiva, permitindo condutas clínicas com essa matriz. Por permitir uma avaliação mais abrangente tanto da vaca quanto do feto, a ultrassonografia vem ganhando cada vez mais espaço e sendo cada vez mais utilizada pelos médicos-veterinários a campo.

Existem pesquisas em andamento para o desenvolvimento e validação de novas metodologias de diagnóstico de gestação, como a avaliação pelo método doppler dos ovários da vaca, a fim de verificar se o animal está ou não prenhe. Esta é uma metodologia que permitirá o DG mais precocemente ainda, antes dos 25 dias após o acasalamento, pois realiza a avaliação do fluxo sanguíneo presente nos ovários. Entretanto, a técnica exige certa habilidade por parte do médico-veterinário e equipamentos de ultrassonografia com o recurso de doppler adequado, não estando, ainda, em uso rotineiro no campo.