Murcha-de-esclerócio em plantas de grão-de-bico em Mato Grosso do Sul

Plantas de grão-de-bico apresentando murcha-de-esclerócio

Murcha-de-esclerócio em plantas de

grão-de-bico em Mato Grosso do Sul

Fernando Mendes Lamas (Pesquisador Embrapa Agropecuária Oeste)

A cultura do grão-de-bico é uma alternativa para compor os sistemas de produção agropecuária na região centro-oeste do País. Existe potencial significativo para expansão da sua área cultivada, haja vista a demanda dos mercados interno e externo.

Apesar de ser ainda pouco difundido no Brasil, o cultivo de grão-de-bico já é antigo no mundo, especialmente na Ásia, que é o seu centro de origem. Dezenas de doenças já foram catalogadas nessa espécie e muitas dessas têm potencial de causar danos às plantas, com significativa redução de produtividade. Diversas doenças em grão-de-bico também já foram relatadas no Brasil. Por isso, os cuidados para evitar doenças (cuidados com os quais já estamos acostumados na produção de soja, milho, trigo, algodão, feijão etc.) devem ser observados também em lavouras de grão-de-bico.

Uma importante doença que acomete lavouras de grão-de-bico: a murcha-de-esclerócio, já detectada no Brasil, no Distrito Federal em 2010 e mais recentemente em Dourados, MS, na área experimental da Embrapa Agropecuária Oeste, em julho de 2022. É causada por um fungo do gênero Sclerotium. Este fungo está amplamente distribuído no mundo e acomete diversas outras espécies cultivadas. Inclusive, já foi relatado em soja e feijão em Mato Grosso do Sul, porém sem causar epidemias.

Como o nome do fungo já sugere, ele produz esclerócios (também chamados de escleródios), que são estruturas de sobrevivência que podem permanecer viáveis no solo por vários meses, perpetuando a doença.

Considerando que esta doença pode ser disseminada por meio de sementes contaminadas, é fundamental que se utilizem sementes sadias, oriundas de um sistema de produção certificado. Outra forma importante de disseminação é por meio de partículas de solo aderidas a implementos agrícolas. Nos casos em que o patógeno já foi introduzido na área, deve-se evitar sua dispersão, limpando o maquinário após seu uso em área infestada.

Portanto, é necessário tratar da cultura do grão-de-bico com profissionalismo, com adequado manejo do solo, usando sementes com garantias de qualidade (sanidade, pureza, germinação etc.), manejando a cultura adequadamente e aplicando os devidos tratos culturais. Importa que todos os envolvidos no cultivo dessa espécie estejam atentos para a ocorrência da murcha-de-esclerócio e de qualquer outra doença, problema fitossanitário ou dificuldades de outra natureza, comunicando às instituições de pesquisa e desenvolvimento qualquer anormalidade que observarem.