Sim! Seu pasto é uma lavoura!

Mudança de qualidade no plantio dos pastos de capins ocorreria com a intensificação de um comércio direto de sementes

Sim! Seu pasto é uma lavoura!

Giovana Maciel-Pesquisadora da Embrapa Cerrados

O estabelecimento de pastagens nas áreas cobertas por vegetação nativa iniciou-se praticamente no começo do século passado e se intensificou a partir das décadas de 30 e 40. A derrubada da mata visava o preparo da terra, a médio e longo prazos, para ser utilizada com os cultivos anuais – arroz, milho, algodão etc. – e principalmente para a formação de cafezais nas melhores glebas.

Nessa lógica, os bovinos eram considerados os desbravadores nas fases iniciais de substituição das densas florestas por cultivos de consumo e exportação. Na falta de um comércio organizado de venda de sementes, o plantio do capim nas áreas derrubadas e queimadas se fazia por via vegetativa. Mudas eram plantadas sobre as cinzas, em função da disponibilidade nos viveiros da gramínea a ser cultivada.

Esse sistema de formação de pastagens ou invernadas estava de acordo com as condições econômicas da época, em que a mão de obra disponível e barata favorecia o avanço do empreendimento sobre extensas áreas. Com grande frequência, o plantio das mudas de gramíneas mais espaçadas permitia intercalar o cultivo de cereais de subsistência. No segundo ano, as sementes do capim caídas ao solo asseguravam o estabelecimento de nova invernada.

A grande mudança de qualidade no plantio dos pastos de capins ocorreria com a intensificação de um comércio direto de sementes entre as propriedades agropecuárias. As vastas pastagens plantadas por mudas, numa etapa anterior, asseguravam o fornecimento de sementes para a expansão das áreas da própria empresa e ainda excedentes para a comercialização.

Pensar na pastagem como lavoura fará o produtor entender que seu uso deverá ser potencializado no período chuvoso e que, com o uso de estratégias já bem conhecidas (conservação de forragem, vedação de pastos e suplementação apropriada), o período seco não será mais um problema, desde que haja um planejamento prévio. A dica é começar a mudança com pequenos ajustes, no ritmo adequado à capacidade operacional do produtor, e contar com um bom assessoramento técnico para que sua lavoura produza mais e mais quilos de carne ou de leite por hectare.