O diretor da escola cearense que supostamente distribuiu a seus alunos uma apostila com algumas questões semelhantes às do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) afirmou que o colégio não teve acesso antecipado ao conteúdo da prova aplicada no último final de semana. Segundo Davi Rocha, a “coincidência” pode ter sido causada pela metodologia empregada para a confecção do teste.
“Estamos achando que o banco de questões da escola foi alimentado por perguntas pré-testadas”, disse Rocha à Agência Brasil. O diretor lembra que as questões que compõem a prova do Enem são testadas previamente – para avaliar o grau de dificuldade do item – por meio de avaliações aplicadas a alguns estudantes. Depois desse primeiro teste, as questões são incluídas em um grande banco de itens que fica à disposição do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), órgão responsável pela elaboração do Enem.
De acordo com Rocha, alguns alunos do Colégio Christus participaram do último pré-teste e podem ter apresentado as questões a seus professores para que elas fossem resolvidas em sala de aula. Posteriormente, os docentes podem ter incluído essas perguntas no banco de dados da própria escola, alimentado, de acordo com Rocha, com questões de testes de vestibulares, concursos públicos e provas do Enem de anos anteriores.
“Estamos achando que tivemos acesso [às questões do Enem deste ano] sem saber, por meio das questões pré-testadas. Os alunos podem ter retirado essas questões dos pré-testes e submetido aos examinadores do colégio”, afirmou o diretor.
De acordo com o Ministério da Educação (MEC), nenhum aluno que participa do pré-teste fica com o caderno de questões. Diante das suspeitas, o ministério acionou a Polícia Federal (PF) para apurar o suposto vazamento da prova e estuda o cancelamento do teste aplicado aos 639 alunos do colégio Christus.
Este ano, o Enem foi aplicado a cerca de 4 milhões de estudantes distribuídos por 14 mil locais de 1,6 mil cidades.