“E um sonho se realizou! J. K. Rowling respondeu a uma mensagem minha!”. Assim começa o post do dracenense Victor Henrique S. Menezes em sua página nas redes sociais. A mensagem da escritora e roteirista britânica Joanne Rowling, mais conhecida como J. K. Rowling, criadora da Saga de Sucesso “Harry Potter” tem um significado muito especial para o bacharel e licenciado em História pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e mestrando em História Cultural também pela Unicamp.
O jovem pesquisador idealizou e foi instrutor da oficina “Harry Potter: história, cultura e relações de gênero no mundo mágico de J. K. Rowling” oferecida neste ano no Programa UniversIDADE, que é um programa de extensão gratuito da reitoria da Unicamp voltado às pessoas que tenham no mínimo 50 anos e que possam participar presencialmente das atividades dividas em quatro áreas: Arte e Cultura, Esporte e Lazer, Saúde Física e Mental e Sociocultural.
Para o desenvolvimento da pesquisa de mestrado, o dracenense contou com o subsídio financeiro da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo). “Por ter essa bolsa, eu não pude ter nenhum vínculo empregatício ao longo dos últimos cinco semestres. Sendo assim, tenho atuado como voluntário em dois programas de extensão da Unicamp: o TOPE cujos cursos são voltados para alunos e funcionários da universidade e o Programa UniversIDADE”, contou.
A participação de Victor Menezes no Programa UniversIDADE começou com a oficina Capas, Espadas e Sandálias: construções da Antiguidade Romana no cinema, como parte da área de Arte e Cultura. “Os alunos que participaram desta atividade sugeriram que eu ministrasse um segundo módulo dela no semestre seguinte. Devido a isso, entre abril e junho deste ano eu ofereci, novamente na área de “Arte e Cultura”, a oficina A Antiguidade Romana nos filmes e seriados estadunidenses. Ao longo das aulas desta segunda oficina, eu teci alguns comentários sobre a série Harry Potter e o quanto ela, assim como os filmes que estávamos estudando, é influenciada por questões históricas, sociais e culturais da sociedade e mundo na qual foi elaborada. Tais comentários motivaram um grupo de alunos, dentre os cerca de 50 que frequentavam as minhas aulas, a sugerir que eu desse uma terceira oficina no UniversIDADE, mas que desta vez eu tratasse do mundo mágico criado pela escritora britânica J. K. Rowling. E foi assim que surgiu a ideia da oficina Harry Potter: história, cultura e relações de gênero no Mundo Mágico de J. K. Rowling”, explicou.
Os encontros semanais, que tiveram início em agosto, terminaram nesta semana.Participaram cerca de 80 alunos com idades entre 50 e 85 anos.Ao longo das aulas, professor e alunos analisaram os sete livros e oito filmes de Harry Potter e discutiram temas que surgiram a partir da leitura das obras. “Um dos objetivos que tenho para o curso é quebrar a ideia, geralmente presente entre os detratores da série, de que Harry Potter seja uma simples história de fantasia para crianças. A saga criada por Rowling pode sim ser lida por crianças e adolescentes (eu, como grande parte dos fãs, cresci lendo Harry Potter, por exemplo), mas ela não se resume a isto e nem é dirigida apenas a este público. Para além da história do menino que sobreviveu – que por si só é interessantíssima –, há um enredo riquíssimo em referências históricas, filosóficas e culturais e com problemáticas que marcaram, e ainda marcam a sociedade ocidental contemporânea (como o racismo, a escravidão e o totalitarismo). Discutir estas referências, bem como as visões e ideais de mundo propagados pela autora por meio dos livros, constitui objetivos centrais da oficina”, revelou.
O dracenense fez questão de deixar bem claro que a oficina não foi um clube de leitura nem uma reunião de cosplay. “Esta oficina não é um clube de leitura (onde passamos três horas discutindo somente aspectos do enredo) nem uma reunião de cosplays de Harry Potter (onde fãs se reúnem vestidos dos personagens da série, com o intuito de encenarem passagens dos livros), mas sim um curso que busca analisar e entender a série como um importante documento da contemporaneidade”, assegurou.
A ideia de ministrar a oficina deu tão certo, que além de receber uma mensagem da famosa escritora J.K. Rowling em sua rede social, após ter escrito para ela contando sobre sua iniciativa no Brasil, o historiador ministrará amanhã (9), o minicurso “Harry Potter: História, cultura e sociedade no mundo mágico de J. K. Rowling” para interessados em geral, em faculdade em Campinas. “É de meu interesse levar esta oficina, assim como os demais cursos e oficinas que já ministrei na Unicamp, para outras cidades e instituições. Dependo, no entanto, do interesse de universidades, faculdades, escolas ou prefeituras, por exemplo, em organizar e financiar a minha ida com tais projetos às suas respectivas cidades. Seria maravilhoso num futuro próximo ministrar um destes cursos/oficinas também na cidade de Dracena”, comentou o historiador que ainda tem familiares residindo na Cidade Milagre, em especial os pais e a irmã.