A internet promete ser uma grande aliada no Censo 2010, que começa a ser realizado em agosto deste ano pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e pretende coletar dados em cerca de 58 milhões de domicílios em 5.565 municípios do país. A ideia é que os responsáveis pelos domicílios tenham disponível um formulário on-line.
Mas a estratégia não pretende diminuir o trabalho dos cerca de 190 mil recenseadores contratados para colher as informações que vão traçar o perfil do povo brasileiro. “A dificuldade deve-se muito à indisponibilidade das pessoas”, explicou o diretor-executivo do IBGE, Sergio Cortes, em entrevista coletiva nesta sexta-feira (26).
Como funciona
O esquema deverá funcionar da seguinte forma: o recenseador vai a um determinado domicílio e o mapeia, usando seu computador de mão. Se o morador não puder recebê-lo no momento, e quiser responder via internet, o funcionário vai expedir um código de acesso vinculado àquele domicílio, que deverá ser usado pelo morador quando for responder ao questionário on-line.
Depois de 10 dias, se o entrevistado não responder, receberá um telefonema lembrando-o do compromisso e, se ainda assim, não enviar o formulário, o recenseador voltará à casa para terminar de preencher as respostas. Não haverá prejuízo ao trabalho do funcionário, que será remunerado pelo trabalho feito em sua área de atuação, incluindo os formulários pela internet.
O questionário virtual poderá ser respondido aos poucos, sendo salvo a cada atualização. Com isso, as informações vão, paulatinamente, entrando para o sistema de dados do IBGE. Mas para ser considerado válido, algumas questões básicas como idade, sexo e outros dados, precisarão ser respondidas no ato.
“Fizemos testes e não apuramos nenhuma distorção dos resultados na entrevista presencial ou pela internet. Por isso, achamos que não vamos ter problemas com isso”, disse a coordenadora operacional de censos do IBGE, Maria Vilma Garcia.
Questões e abrangência
A internet também fará parte das novas questões incluídas este ano. O uso da rede será tema de perguntas do formulário. Nas respostas dos entrevistados, também foi adicionada a opção de cônjuges do mesmo sexo.
Para abranger um maior número de domicílios, sobretudo em áreas carentes, o instituto planeja contratar recenseadores que morem próximo aos locais de trabalho. Só município do Rio, por exemplo, das mais de 6mil vagas, 1.353 são em favelas ou no entorno delas.
“Vamos ter postos de inscrições nesses locais para que os moradores tenham preferência. Em 2000 fizemos só nas grandes comunidades, mas agora a gente está fazendo em praticamente todas as favelas e comunidades”, afirma Vima.
Fotos e identidade
Outra mudança para este ano é para driblar a maior dificuldade entre os recenseadores que trabalham nas áreas de classe média e classe média-alta, onde muitos moradores tendem a rejeitar as visitas com medo de golpes.
Para tentar melhorar o acesso a esses locais, reuniões serão feitas com associações de moradores, câmaras comunitárias, administradoras de imóveis e síndicos de condomínios para que eles preparem moradores para a chegada dos funcionários. A eles deverão ser entregues cartas do IBGE com uma foto do recenseador responsável por sua área.
Ao chegar à residência, o recenseador deverá portar sua carteira de identidade e o crachá de identificação. Se ainda assim o morador quiser uma confirmação de que se trata de um funcionário do IBGE, ele poderá fazê-la pelo telefone 0800 721 81 81.