Primeiro representante estrangeiro a discursar na abertura hoje (23) da 65ª Assembléia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York, o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, defendeu a busca, pela comunidade internacional, do diálogo com o Irã. Ele sugeriu que o acordo negociado pelo Brasil e pela Turquia, em maio em Teerã, seja a base das negociações. Disse que é fundamental evitar que a crise se agrave e ocorram novos conflitos na região.
“A Declaração de Teerã [nome oficial do acordo negociado pelo Brasil e pela Turquia] não esgota a matéria”, afirmou Amorim. “Mas estamos convencidos de que as partes encontrarão uma solução. A despeito das sanções, ainda estamos convencidos disso”, disse ele, referindo-se às sanções impostas pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas ao Irã.
Amorim ressaltou que nas conversas com as autoridades iranianas o apelo é para que evitem o acirramento da crise e busquem o fim do impasse. “Temos insistido com o governo do Irã em manter uma posição de diálogo. Não pode haver um novo conflito, como o que houve no Iraque”, afirmou o chanceler, que ontem (22), por cerca de uma hora, reuniu-se com o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad.
Pelo acordo negociado em Teerã, o Irã se compromete a enviar urânio levemente enriquecido para a Turquia. Em contrapartida, recebe urânio enriquecido a 20% no período de até um ano. Com isso, o Brasil e a Turquia acreditam que será possível minimizar as suspeitas da comunidade internacional em relação ao programa nuclear iraniano.
O acordo, porém, foi rejeitado pela comunidade internacional. Em junho, o Conselho de Segurança aprovou as sanções ao Irã apesar dos votos contrários do Brasil e da Turquia. Em seguida, de forma unilateral, os Estados Unidos, a Austrália, o Canadá, Japão e a União Europeia aprovaram restrições ao Irã que atingem a economia do país.
Representantes de 192 países estão presentes hoje na abertura da Assembléia Geral da ONU. Os líderes políticos debaterão os mais diversos temas, desde o processo de paz no Oriente Médio até o uso pacífico da energia nuclear, o equilíbrio econômico mundial, alternativas para a redução da pobreza e fome no mundo, além de medidas para conter os efeitos das mudanças climáticas.
Tradicionalmente a sessão é aberta pelo secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon. Em seguida, Amorim fez o discurso em nome do governo do Brasil. O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, que representa o país anfitrião, fala depois do brasileiro.
Ainda hoje discursarão os presidentes do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, e da França, Nicolas Sarkozy. Ambos estão envolvidos em temas controvertidos, como o programa nuclear iraniano, alvo de suspeitas da comunidade internacional, e a deportação de ciganos ilegais na França.