A chuva que caiu durante todo este mês de setembro provocou uma mudança nos postos de combustíveis. O álcool está mais caro. Os produtores dizem que a colheita ficou paralisada em quase metade do mês por causa da chuva. Por isso, o preço do litro do álcool subiu 7% de um dia para o outro. E vem mais por aí.
Quem abasteceu levou um susto. “Eu não sabia, fiquei sabendo agora. Está muito caro, um absurdo”, diz o administrador de empresa Márcio Evangelista dos Santos.
O litro do álcool está 7% mais caro, em São Paulo. O preço médio nos postos paulistas saltou de R$ 1,44 para R$ 1,54. O aumento atinge as regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, que produzem 90% do álcool brasileiro. A alta surpreende, porque acontece em plena safra da cana de açúcar, quando o preço do combustível costuma cair.
Os usineiros justificam a alta nos preços com a queda na oferta de álcool no mercado, que teria sido causada pelo excesso de chuvas. Segundo a União da Indústria Canavieira (ÚNICA), só no mês de setembro, a colheita foi suspensa durante 11 dias por causa dos temporais que atingiram as regiões produtoras de cana.
O professor da USP Roberto Fava Scare fez as contas e concluiu: mesmo com o aumento, o álcool custa 60% do preço da gasolina e, por enquanto, ainda é vantajoso. “Mesmo com essa diferença de rendimento, você consegue ter mais quilômetros com esse combustível”, afirma Roberto Fava Scare.
Mas o sindicato dos postos avisa: o álcool está saindo das usinas a R$ 0,86 o litro. É o preço mais alto desde janeiro e deve subir mais. “Deve estar acontecendo uma especulação mesmo em torno do produto”, aposta Renê Abade, vice-presidente do Sindicato dos Postos de Ribeirão Preto, SP. “A tendência é de subir na bomba mais do que já está subindo nesses dias”.
Em alguns estados, mais distantes dos centros de produção de álcool, já não vale a pena abastecer com esse combustível. No Amapá, Pará, Piauí, Rio Grande do Norte e Roraima,é mais vantagem encher o tanque com gasolina, por causa da diferença no desempenho do veículo.