A construção do anel viário de Piracicaba (SP) foi interditada pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) por tempo indeterminado devido ao acidente que deixou cinco feridos, dois mortos e três desaparecidos até as 17h de ontem (1). As vítimas trabalhavam na obra, que fica na Rodovia Laércio Corte (SP-147), quando vigas de sustentação e equipamento caíram.

A obra é realizada pela Rodovias do Tietê, concessionária contratada pelo governo estadual, que ainda não se manifestou sobre o caso desde a manhã. A interdição foi definida após fiscalização do MTE e a pedido do Ministério Público do Trabalho (MPT) e do Sindicato dos Trabalhadores da Construção e do Mobiliário de Piracicaba (Sinticompi).
O acidente desta segunda foi o segundo no anel viário somente neste ano. Em maio, dois funcionários ficaram feridos após o rompimento de um cabo de sustentação.
“A obra foi embargada da outra vez quando aconteceu o primeiro acidente. O problema de manutenção foi corrigido e o trabalho continuou. Agora o problema foi estrutural, de engenharia, e será investigado pelo Ministério Público (MP) de Campinas (SP)”, afirmou Donald Willians dos Santos Silva, auditor fiscal do MTE. Universidades e o Conselho Regional de Engenharia (Crea) serão consultados para identificar o que levou à queda da estrutura.
Buscas no Rio Piracicaba – A queda das vigas e do equipamento lançou os operários da obra dentro do Rio Piracicaba. Os corpos de duas pessoas já foram localizados. As buscas encerradas antes do anoitecer desta segunda vão continuar nesta terça-feira (2), segundo informações do Corpo de Bombeiros. De acordo com o Ministério do Trabalho, a concessionária deve contratar uma empresa especializada em operações sob a água para cortar o aço e o concreto que está dentro do rio, o que pode ajudar nas buscas, caso alguma vítima ainda esteja debaixo dos escombros.
‘Não foi fatalidade’ – Para o presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Construção e do Mobiliário de Piracicaba (Sinticompi), Milton Costa, o acidente “não foi uma fatalidade”. Ele disse que ocorrências como esta são previsíveis e podem ser evitadas. Ainda de acordo com Costa, o andamento da obra também pode ser prejudicado por falta de mão de obra devido às mortes. “Os operários foram dispensados, mas existe um abalo, um trauma, e muitos podem não querer voltar à construção”, afirmou.