Trinta e cinco ônibus da Auto Viação Urubupungá, em Osasco, na Grande São Paulo, foram incendiados na madrugada desta terça-feira (22). Desses, 34 estavam na garagem da empresa e um foi atacado quando estava com passageiros na rua. Ninguém ficou ferido, segundo o Corpo de Bombeiros.
Ao todo, 23 veículos ficaram totalmente destruídos e 12 foram parcialmente atingidos pelas chamas. Por volta da 1h, pelo menos três criminosos entraram na garagem da companhia, que fica na Avenida Presidente Médici, no Jardim Mutinga, renderam um segurança e um manobrista, despejaram gasolina em dois ônibus e atearam fogo aos coletivos.
Imagens de um cinegrafista amador mostram o momento em que os ônibus foram queimados. Segundo a Polícia Militar (PM), o ataque ocorreu provavelmente em represália à morte de um traficante na noite de segunda-feira (21). A PM busca registros de câmeras da empresa para tentar identificar os criminosos. Até o momento, ninguém foi preso.
Em entrevista ao G1 no fim de janeiro, o secretário de Segurança Pública do estado de São Paulo, Fernando Grella, afirmou que a sequência de ônibus queimados virou estratégia de grupos para dar visibilidade a protestos com diferentes motivações. Grella disse também que apura se as ocorrências são provocadas pela ação de manifestantes ou se há ligação com facções criminosas organizadas.
Os coletivos incendiados da Auto Viação Urubupungá representam 20% da frota de 178 veículos da empresa, que atende 21 linhas da cidade, a maioria na Zona Norte da capital e em Osasco – cidade atendida também pela Viação Osasco.
Os ônibus da empresa estão circulando com intervalos maiores, e passageiros lotam os pontos da cidade nesta terça-feira. O G1 tentou entrar em contato com a companhia nesta manhã, mas até as 8h50 não havia conseguido falar com um responsável que pudesse avaliar os prejuízos.
Outros ataques
Entre a noite de segunda-feira e a madrugada desta terça, mais três ônibus foram incendiados em outros pontos de São Paulo. Dois dos ataques aconteceram na região de Ermelino Matarazzo, na Zona Leste.
O terceiro ônibus foi queimado na Avenida Coronel Sezefredo Fagundes, no Tremembé, na Zona Norte, durante um protesto contra a falta d’água na região. Segundo a Polícia Militar, cerca de 50 pessoas incendiaram o coletivo, que fazia a linha Cachoeira-Santana. Ninguém ficou ferido.
Um levantamento feito pela TV Globo mostra que, em 2014, 364 ônibus foram atacados na capital paulista e em municípios da Grande São Paulo, sendo 115 deles incendiados.
Até janeiro
O número de ônibus queimados em janeiro na capital paulista já corresponde a mais da metade dos casos ocorridos no ano passado na cidade, segundo dados da São Paulo Transportes (SPTrans). Apenas entre 1° de janeiro e 5 de fevereiro, foram 35 coletivos incendiados por diversas causas, contra 65 em 2013, o que corresponde a 54% do número de casos registrados em todo o ano passado.
De acordo com levantamento do G1, os incêndios ocorreram por fatores como: morte de moradores (oito), enchentes (sete), proibição de bailes funk, falta d’água, reintegração de posse, prisão de integrantes das comunidades, abordagens policiais e manifestações de ambulantes.
Em 2013, a maioria das ocorrências estava ligada a mortes nos bairros, como a do estudante Douglas Rodrigues, de 17 anos, que morreu após ter sido baleado por um policial militar em outubro, perto da rua onde morava, na Zona Norte da capital paulista.