A campanha de conscientização sobre o combate ou abuso e à exploração sexual contra crianças e adolescentes que está sendo realizada em Dracena, tem o apoio da Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) onde as ocorrências desse crime são atendidas no município.
De acordo com a delegada titular da DDM, Maria Ângela Tófano Rodrigues, as campanhas são importantes para alertarem a população a levarem as denúncias adiante.
“O que temos visto é que à medida que as discussões e campanhas sobre o tema são ampliadas, as situações de abuso e exploração contra os menores que ficavam obscuras, por falta de coragem, conscientização e preconceito passaram a ser denunciadas”, informa a delegada.
Ângela Tófano analisa que as campanhas favorecem a conscientização para as denúncias, ao romperem tabus e preconceitos, encaminhando os abusos às autoridades policiais ou órgãos que realizam o atendimento de menores, quando antes o assunto era tratado somente nas próprias residências, entre os familiares. “Mas ainda há omissão e comodismo por parte dos representantes legais dos menores, no caso os pais ou responsáveis em reagir contra essa forma de violência”, esclarece Ângela Tófano.
Tendo como base as experiências que atende na DDM, a delegada explica que os casos em que a mãe arruma um parceiro e o mesmo passa a morar em sua residência, vindo a ocorrer abusos contra os filhos da companheira, que não são seus filhos biológicos.
“Há uma cumplicidade muito grande entre a mãe e o parceiro, Nos dois últimos casos atendidos pela Delegacia sobre o assunto, a mãe tinha conhecimento da violência em sua casa, mas por falta de estrutura e amparo para se manter financeiramente, acabam omitindo”, explica.
A delegada ressalta ainda que a exploração sexual é vinculada à prostituição de adolescentes. Ela reitera que há casos de exploração em Dracena e que as mães também são coniventes.
O abuso sexual, conforme Ângela Tófano, é praticado contra as crianças indefesas e são mais recorrentes. As escolas nessas situações desempenham um papel fundamental nas denúncias à medida que ocorrem mudanças de comportamento e nas escolas, há os profissionais qualificados para detectar e conversar com as vítimas.
“Quando ocorre um abuso contra a criança e o adolescente, isso vai parar na escola ou no vizinho, ou seja, é fora de casa que o problema será apresentado”, conclui a delegada de polícia.
INVISIBILIDADE – O combate à exploração sexual de crianças e adolescentes passa, antes de tudo, pela necessidade de reconhecimento do problema, avaliam especialistas ouvidos pela Agência Brasil.
Uma questão muito difícil, segundo os mesmos especialistas é a da cultura que pensa a exploração sexual como algo normal, rentável e, por isso, aceitável, como se não fosse uma violência.
O fenômeno existe, mas os casos nem chegam a ser denunciados, porque se entende que são coisas das famílias. O dia 18 de maio é o Dia de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes.
Em Dracena, a campanha é realizada pela Secretaria de Assistência e Desenvolvimento Social, Centro de Referência de Assistência Social (Cras) e Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas).
Na segunda-feira, 18, à noite, foi realizada palestra no Teatro Municipal, ministrada pela psicóloga e assistente social, Adriana Turbay e ontem, 19, ocorreu uma caminhada por alunos e professores da Emefi Guilherme Tammerik.