Culta leitora, não menos ilustrado leitor, faltam dois dias para a abertura da Copa. Depois de 64 anos, o Brasil volta a sediar o torneio. Por isso mesmo, aqueles que acompanharam o triste epílogo do campeonato que fechou a metade do século passado, ficam com um pé atrás, torcendo para que não se repita, no Itaquerão, o que aconteceu em 13 de julho de 1950, no Maracanã, diante do Uruguai.
Tragédia de 1950
Ainda na antessala da Revolução Industrial, o Brasil via, naquela Copa do Mundo, a oportunidade de se mostrar ao mundo ou, quem sabe, de se inserir nele com brilho e competência. Que melhor vitrine do que o Maracanã, maior estádio do mundo, construído especialmente para a ocasião? Um palco portentoso, para uma orquestra de gênios, no dizer do locutor-compositor Ary Barroso, autor de ‘Aquarela do Brasil’: Danilo lembrava Chopin, Jair era Wagner, Zizinho um Mozart…
O mundo de ponta cabeça
Favorito disparado para nove entre dez jornalistas estrangeiros e precisando apenas de um empate, naquele 16 de julho de 1950 – decidindo com o Uruguai – o Brasil vencia por 1 a 0 até o 21º minuto do segundo tempo.
Em 13 minutos, o Uruguai virou e promoveu o que se considerava impossível, estabelecendo 2 a 1.
Uma nação traumatizada
Em qualquer país do mundo aquele seria um momento fugaz, algo como um porre, seguido de uma ressaca, na sequência a vida continua.  Mas, naquele Brasil em busca de afirmação, a derrota para o Uruguai foi encarada como uma espécie de revés da nacionalidade. Durante dias, meses, e anos, para muitos a perda do título pairou como maldição. Jair e Zizinho dois craques que beiravam a genialidade, nunca mais seriam chamados para uma Copa. O lateral esquerdo Bigode e o grande goleiro Moacir Barbosa, a cada 16 de julho, eram procurados por repórteres “para explicar a falha no gol da vitória uruguaia, marcado por Gighia”.
Barbosa e a maldição
Nem mesmo o passar dos anos e a mudança de mentalidade, enterrando fantasmas e mitos, livraram Barbosa de interlocutores eventualmente obtusos como, por exemplo, o técnico Zagalo que, na concentração de Teresópolis – em 1994, proibiu-lhe uma foto conjunta com o goleiro da seleção, Taffarel. Por quê? Segundo Zagalo, para livrar Taffarel do desastre do 16 de julho, encarnado por Barbosa…
Sem envolvimentos
“Foi uma infeliz coincidência ter a Copa do Mundo em um momento eleitoral e que o país passa dificuldades, todos cobrando muito com manifestações. Ninguém sabe como serão, só que elas virão. E espero que elas tenham pouca interferência dentro do futebol”. (Cantor Fagner que recusou convite da Fifa e da rede Globo, para se apresentar em shows, durante o mundial)
Tinha que ser aqui
A pontualidade britânica foi arranhada, ontem de manhã. O treino começou com 16 minutos de atraso, porque a comitiva esqueceu o atleta Ross Barkley, no hotel. Houve necessidade de o ônibus dar meia volta para pegar o retardatário.
Os caros leitores
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