Datados de 50 anos atrás, os registros das atividades nos primeiros meses do CIEE confirmam um raro exemplo de fidelidade à missão eleita pelos fundadores: introduzir e estimular no Brasil o instituto do estágio, uma modalidade de formação profissional que alia o ensino acadêmico e a prática no mundo real do trabalho. Com essa sábia visão, os fundadores – um grupo idealista de empresários, educadores e representantes da sociedade civil – pretendiam contribuir para solucionar um triplo problema que, aliás, persiste até hoje como um dos gargalos ao desenvolvimento sustentável.
Duas preocupações nortearam os primórdios do CIEE: a empregabilidade dos estudantes, cuja formação carecia de experiência prática para atender às demandas de um mercado de trabalho que vinha se sofisticando, e a abertura de um eficaz caminho para que as empresas recrutassem, treinassem e selecionassem novos talentos que dariam suporte a seus planos de expansão. Finalmente, com visão de futuro, miravam na qualificação permanente do capital humano do País, que nasceria da integração entre a escola e a empresa, como uma das condições indispensáveis a sustentabilidade do desenvolvimento socioeconômico.
A proposta encontrou, já de início, ressonância nos principais círculos envolvidos com a questão da formação profissional dos jovens. Documentos fotográficos mostram os primeiros encontros e conferências de trabalho, que reuniam representantes de estudantes, de empresas e de universidades, num expressivo recorte do papel aglutinador que o CIEE desempenharia ao longo dos anos vindouros. Ao completar meio século de atuação ininterrupta, o CIEE se orgulha dos números que colecionou, com destaque para 13 milhões de jovens encaminhados ao mercado de trabalho, 28 mil instituições de ensino conveniadas e 250 mil empresas e órgãos públicos parceiros. Consciente de seu papel como referência entre as entidades de assistência social de filantropia, o CIEE continua atento às desigualdades que persistem no País, apesar dos avanços ocorridos. Sempre com foco na necessidade de assegurar a empregabilidade jovem, há dez anos incluiu a aprendizagem entre as oportunidades que oferece para facilitar o acesso ao mercado de trabalho, em especial dos jovens menos favorecidos.
Esse olhar para o futuro, com os pés na realidade atual, leva o CIEE a manter – sempre com total gratuidade – uma rede nacional de atendimento e quase 1,5 mil salas de capacitação teórica para aprendizes, estendendo sua rede de proteção a jovens e suas famílias em todos os estados. O leque de ações sociais relevantes inclui alfabetização de mais de 50 mil adultos; cursinho vestibular para mil estudantes da periferia de São Paulo; 37 cursos online, com 2,3 milhões de matrículas em sete anos; inclusão profissional de jovens com deficiência, entre outras.
Nos próximos anos, o CIEE continuará honrando o compromisso de atuar como o grande parceiro dos futuros profissionais no desafio de ingressar num mercado de trabalho cada vez mais exigente e para o qual não foram adequadamente preparados. Por essas e muitas outras razões, o CIEE se orgulha de sua adesão cidadã à sábia disposição do artigo 203 da Constituição Federal que inclui entre os objetivos da assistência social – “que será prestada a quem dela necessitar” – a promoção da integração ao mercado de trabalho. Para tanto, sempre apostou e continuará apostando na força da educação e do trabalho como os melhores caminhos para um futuro próspero, igualitário e sustentável para mais e mais brasileiros.
*presidente do Conselho de Administração do CIEE e da Academia
Paulista de Letras
Jurídicas (APLJ)