Estamos celebrando a solenidade dos santos apóstolos Pedro e Paulo, ambos são considerados coluna da igreja. Pedro era um homem simples da Galiléia era um pescador. Paulo era um homem estudado, da cidade de Tarso. Ambos foram chamados por Cristo, foram seus seguidores e se mantiveram fiéis até o martírio. Assim o martírio dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo consagrou para nós esse dia.
Estes mártires viveram o que pregaram, seguiram a retidão, confessaram a verdade, morrendo pela verdade, nos afirma Santo Agostinho.
A igreja faz memória aos dois maiores pilares da fé cristã: São Pedro pescador de peixes tornou-se pescador de homens, fora escolhido entre os apóstolos para ser o chefe da Igreja nascente, solidificando os laços fraternos entre os discípulos.
São Paulo, após a sua conversão no caminho de Damasco, foi convidado a dar novos rumos à Igreja fundando diversas comunidades em locais habitados por povos que não os hebreus. Por meio da pregação de Paulo a igreja de Jesus tornou-se universal.
Pedro e Paulo são figuras para mostrar a fraqueza e a força dos cristãos. Pedro achava que o Messias não devia sofrer e morrer. Na hora difícil nega-o. Paulo persegue os cristãos sem saber que, perseguidos, ele revivem a paixão do Mestre. As contínuas prisões de Pedro fazem-no prolongar a paixão de Jesus. Não só aceita um Messias que dá a vida, mas morre por ele e com ele. Convertido, Paulo se torna o maior propagador do evangelho de Cristo. Sofrendo como ele sofreu, encarando a morte como Jesus encarou.
No Evangelho Mat. (16, 13 – 19) nos apresente Jesus questionando os discípulos a seu respeito. Quem os homens que é o Filho do Homem. Havia, já naquela época, variadas concepções acerca de Jesus. Muitos pensavam que ele fosse uma espécie de João Batista reencarnado, talvez por causa de sua liberdade diante dos poderosos.
Outros que ele fosse o profeta Elias, cuja volta era esperada para o fim dos tempos. Outros ainda que ele fosse um dos antigos profetas, talvez pelo conteúdo de sua pregação.
Pedro adianta-se e reponde em nome dos discípulos, tu és o Messias, o Filho do Deus vivo. A primeira vista a resposta de Pedro parece ser expressão de uma fé autêntica. Jesus, porém sabe o que estás atrás de suas palavras. Quando Pedro afirma que Jesus é o Messias, expressa uma crença da época, segundo o qual, no final dos tempos, surgiria um messias, qual novo Davi para restaurar o reino de Israel.
Na mentalidade dos discípulos, Jesus seria messias político, cuja ação principal consistiria em libertar o povo da pressão romana.
A verdadeira confissão de fé em Jesus acontece em nossa vida cotidiana. Nosso gesto e palavras, nosso modo de ser e pensar revela o rosto de Cristo. A verdadeira resposta à questão; quem é Cristo para mim? Não é dada com a boca, mas com a vida. Palavras bonitas podem ser enganadoras e até mesmo vazias. Os gestos, ao contrário, não enganam. Pelos gestos que nos mostramos a nossa fé verdadeira.
Jesus aceitou a confissão de Pedro questionou seus, pressupostos ao falar de sofrimentos, rejeição, morte e ressurreição. Ele não era o Messias glorioso. Antes era o servo sofredor proclamando pelo profeta Isaias.
O seguimento desse Messias-servo comportava a negação de si mesmo e a capacidade de assumir com coragem o projeto de Messias Jesus, sem ter medo de perder a própria vida. Só através desse penoso caminho de despojamento das próprias ambições seria possível pensar em Salvação e Glória.
Confortado com o esclarecimento de Jesus, os discípulos foram obrigados a refazer seu conceito de fé e suas perspectivas de seguimento. A contemplação de Messias crucificado fez a crise dos discípulos atingirem seu ponto culminante.
Até então, eles não tinham sido capazes de abrir mão de seus preconceitos a respeito de Jesus. Só a experiência da presença do ressuscitado possibilitou aos discípulos atingirem um nível autêntico de fé. Prova disso foi a capacidade de darem a própria vida como testemunho de sua adesão a Jesus.
Ao questionar a fé dos apóstolos, Jesus também nos questiona. Nossa fé pode se basear numa resposta inconsciente diante da pergunta, quem é Jesus para mim? É preciso estarmos atentos para não nos enganarmos. A resposta a esta pergunta determina o tipo da presença de Jesus Cristo em sua vida, bem como seu modo de agir enquanto Cristão.
Os jovens falam de Jesus como o amigão; os militantes consideram o Líder; os pobres tomam-nos como o Sofredor por excelência; certos grupos apresentam Jesus como se fosse um quebra-galho a quem recorre nos momentos de desespero. Para quem amadurecem sua fé numa vida de comunidade, Jesus é o centro da sua existência e caminho de salvação.
A presença de Cristo entre nós é motivo de grande alegria para nós. Jesus Cristo, pela sua ressurreição, está na gloria do Pai e também no meio de nós. Ele que nos dá o Espírito Santo prometido e nos faz viver como Filho de Deus e Irmãos. A comunhão com Jesus Cristo é a fonte de toda a Santidade pessoal, da vivencia comunitária e do dinamismo apostólico.
As comunidades devem seguir o mesmo caminho e viver, sem medo na certeza de que Deus o Ama e virá buscá-lo a qualquer momento para estreitá-lo, sorrindo, num grande abraço junto a seu Sagrado Coração.
*é contador, coordenador das comunidades Eclesiais de Base e ministro da Igreja Matriz Nossa Senhora Aparecida em Dracena.