Amanhã, dia 31 de maio, é uma data importante para falar sobre algo que está em quase todas as rodas de conversa: o cigarro. Milhões de pessoas morrem todos os anos de doenças relacionadas ao cigarro. O Dia Mundial sem Tabaco serve para conscientizar sobre os malefícios causados pelo tabagismo, além de alertar sobre as doenças que esse hábito pode causar.
O cigarro contém mais de 4 mil substâncias químicas, das quais pelo menos 70 são cancerígenas, e, por meio delas, aumenta o risco de câncer de pulmão, leucemia mieloide aguda, boca, garganta, pescoço, esôfago, estômago, pâncreas, fígado, colo de útero, bexiga, rins, ossos e vários outros. O cigarro é responsável por, pelo menos, 40% de todos eles.
O tabagismo é reconhecido como uma doença crônica, que é caracterizada pela dependência à nicotina. Essa doença já integra o grupo de transtornos mentais. O tabagismo já é considerado a maior causa evitável isolada de adoecimento e mortes precoces em todo o mundo. Segundo o site do Instituto Nacional de Câncer (INCA), a Organização Mundial de Saúde (OMS) aponta que o tabaco mata mais de 8 milhões de pessoas por ano. Dessas mortes, mais de 7 milhões são pelo uso direto e cerca de 1,2 milhão consequência em fumantes passivos, ou seja, pessoas que não fazem o uso direto do produto.
Ainda de acordo com o INCA, no Brasil, cerca de 428 pessoas morrem por dia em decorrência da dependência à nicotina. Mas engana-se quem pensa que o tabagismo é relacionado apenas ao câncer. O Instituto esclarece que, das mortes causadas pelo tabaco, 50.413 são por cânceres; 31.120 por doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC); 17.972 por tabagismo passivo; 10.900 por pneumonia e 10.812 por acidente vascular cerebral (AVC).
Para a oncologista do Santa Genoveva Complexo Hospitalar, Nathália Almeida, as estratégias de combate ao tabagismo são importantes para lembrar a população dos riscos que o cigarro traz à saúde. “A data é uma medida de saúde pública que vem sendo adotada para diminuir, de maneira geral, a incidência de doenças causadas pelo cigarro, como enfisema pulmonar, infarto do miocárdio e câncer”, explica.
“Esse ano estamos vivendo um cenário diferente, devido à pandemia do novo Coronavírus. Mas não podemos deixar as medidas de prevenção e rastreio do câncer de lado. Por isso, é importante lembrar que o tabagismo passivo também é um fator de risco para todas as doenças relacionadas ao cigarro e, por isso, agora, que estamos em casa com as crianças, os fumantes precisam ter cuidados redobrados”, completa a oncologista.
A médica ainda salienta que o tabagismo é o principal fator de risco para o câncer de cabeça e pescoço, que inclui tumores de cavidade oral, orofaringe, laringe e hipofaringe, além de câncer de esôfago, pulmão e tumores de rim e bexiga. Além disso, contribui para outras doenças como o câncer de mama.
“De maneira geral, a população passa por um momento de mais angústia e ansiedade, o que pode tornar mais difícil o processo de parar de fumar. Por outro lado, pode-se aproveitar esse momento de reclusão e reflexão, de pausa no cotidiano corrido e estressante, de passar mais tempo junto à família, como impulso para dar o primeiro passo e tentar abandonar o vício do cigarro”, finaliza Nathália Almeida.
Tabagismo aumenta entre os brasileiros
O INCA publicou dados do último estudo da Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) e os números mostram que, no ano passado, 9,8% da população ainda era fumante. O número é 0,5% mais alto que em 2018. Mas, mesmo assim, a queda é de 38% em um período de 13 anos, quando em 2006, 15,6% dos brasileiros pesquisados se declararam fumantes.
A Vigitel é uma pesquisa telefônica realizada com maiores de 18 anos, nas 26 capitais brasileiras e no Distrito Federal, sobre diversos assuntos relacionados à saúde.
Cigarro: a droga que mais causa dependência
Cigarro, fumo de rolo, cigarro eletrônico e narguilé são alguns dos artifícios que as pessoas encontram para fumar. Os produtos derivados do tabaco têm várias maneiras de chegar ao organismo, seja por inalação, aspiração ou mastigação. Entretanto, todos são nocivos e vão causar a dependência da nicotina.
Em uma live transmitida pelo Santa Genoveva Complexo Hospitalar que aconteceu no dia 27 de maio, a pneumologista Bruna Zanatta explicou que o cigarro, dentre todas as drogas, é a que mais causa dependência. “Quando inalada, a nicotina leva cerca de dez segundos para chegar ao cérebro, tem um nível de tolerância muito rápido e é capaz de causar uma crise de abstinência mais rápido que qualquer outra droga”, disse.
Apesar de o tabagismo ativo ser considerado a maior causa evitável de morte no mundo, a pneumologista explica que o tabagismo passivo é considerado a terceira. “Quando alguém fica perto de uma pessoa que está fumando, a pessoa inala a fumaça sem o filtro, diferente do fumante, o que acaba sendo mais prejudicial. Além disso, podemos dizer que um fumante passivo tem os mesmos riscos e pode desenvolver as mesmas doenças e, geralmente, tem uma resposta pior caso desenvolva uma doença aguda”, salienta.
“Em tempos de pandemia pelo novo Coronavírus é importante dizer que os fumantes sentem mais os efeitos da doença. Isso se dá porque quem fuma tem uma inflamação constante no pulmão e os mecanismos de defesa naturais do pulmão não agem adequadamente e a resposta ao tratamento pode ser pior”, destaca.
Segundo a médica, doenças do sistema respiratório como enfisema pulmonar, inflamação e infecção da cavidade bucal e vias aéreas, esofagites, úlceras, infarto, AVC e vários tipos de cânceres são comuns pelo uso do cigarro. Parar de fumar reduz drasticamente o risco de desenvolver essas e outras doenças, mas isso não deixa a pessoa livre.
“Os pulmões podem não ficar limpos novamente. Na verdade, tudo vai depender da carga tabágica. Se a pessoa desenvolveu uma doença crônica irreversível, os pulmões não voltarão a ser os mesmos. Agora, se for só uma inflamação, podem voltar. Por isso, sempre falamos que quanto mais cedo parar de fumar, melhor. Existem vários tratamentos que podem auxiliar quem quer parar de fumar, com ajuda, inclusive, de medicamentos. O tabagismo é uma doença que precisa ser tratada. É sempre importante ressaltarmos os malefícios que esse hábito causa na população e os benefícios de ficar sem o vício”, finaliza Bruna Zanatta. (Com informações assessoria de imprensa)