O desemprego deverá ser o maior efeito colateral causado pela pandemia do novo coronavírus. Segundo dado estatístico do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) o trimestre entre fevereiro e abril já constatou um aumento de 1,4% em relação ao trimestre anterior.
Atualmente o Brasil conta com 12,6% da população em situação de desemprego, sem contar os inúmeros informais que só após a pandemia passaram a ser vistos pelo governo federal.
Em Dracena, a situação parece ser preocupante também. Segundo Hélio Pesce Guastaldi, engenheiro do trabalho e proprietário de uma empresa do ramo, o aumento de exames demissionais foi significativo nos últimos 60 dias.
“A gente constatou que houve um crescimento muito grande. Antes da pandemia, não passava de dez exames demissionais por mês. Nos últimos dois meses, a gente tem recebido, colocando um número otimista, cerca de 50 exames do tipo por semana”, disse Guastaldi.
Segundo ele, todos os dias cerca de 10 a 20 pessoas passam pela empresa para fazer o exame de demissão. O que significa um aumento de mais de 100% em relação aos primeiros meses do ano. “Notamos que existem diversas empresas que fizeram demissões em massa. Está sendo comum nos organizarmos para exames de muitas pessoas que foram demitidas da mesma empresa”, disse ele, ressaltando a importância de organizar o espaço e otimizar o tempo por conta das medidas de proteção contra o coronavírus.
Guastaldi afirma que empresas que contam com os serviços de segurança do trabalho oferecido por ele tomaram medidas. “Uma rede de farmácias da região aceitou o que determinamos. Oferecemos máscaras e luvas, que são descartáveis. Os funcionários usam e descartam na hora de ir embora. Outra medida foi oferecer vitamina C e zinco para eles”, disse o engenheiro.
Outra medida recomendada foi o afastamento de pessoas em grupos de riscos. “Recomendamos que aqueles acima dos 60 anos fossem afastados de alguma forma para protegê-los. Outra medida tomada foi a não necessidade de atestado para funcionários que apresentarem sintomas de gripe ou até mesmo da COVID-19”, afirmou.
Para ele, as medidas de isolamento social e fechamento do comércio foram cruciais para o aumento das demissões. “Tem que trabalhar normal. Qual a diferença entre um supermercado e uma loja de sapatos? O supermercado causa até mais riscos, pela movimentação maior de pessoas. O reflexo dessas medidas são as demissões”, afirma Guastaldi.
Para ele, a única forma de combater o coronavírus é a volta da vida normal. “A gente sabe de muitas doenças que também matam. Não há outra forma de combater isso a não ser se expor ao vírus, ir para a rua mesmo. Só depois de 70% a 90% das pessoas se contaminarem o vírus será controlado”, concluiu Guastaldi.