A falta de gado pronto para o abate tem valorizado a arroba do boi gordo no mercado, que está cotada em R$ 100. Para o pecuarista Raul Meirelles Breves, de Dracena, a valorização do boi gordo é normal na época da entressafra.
No mercado há 45 anos, Raul Meirelles acredita que este ano a seca pode ter sido um fator que contribuiu para a alta no valor da arroba. “Há pouca oferta já que no regime extensivo não há produto e o mercado tem sido abastecido pelo confinamento”, diz. Com o não desenvolvimento das pastagens, os bois não atingiram o peso ideal para o abate.
Mesmo com as chuvas e a recuperação das pastagens, Raul Meirelles explica que a situação ainda não é ideal. “O capim novo possui mais água do que proteínas, o que provoca diarreia nos animais. O ideal para a engorda é que o capim esteja maduro, isto só vai ocorrer no fim de dezembro ou início de janeiro”, avalia.
Além da seca, o cenário da região não é mais o mesmo.
Basta ir até a zona rural das cidades ou percorrer a rodovia Comandante João Ribeiro de Barros para se atestar que a cana-de-açúcar chegou com força. “O rebanho bovino diminuiu. A área destinada, antes, a pecuária, hoje, foi substituída pela cana”, conta o pecuarista, que arrendou metade de sua fazenda para a lavoura canavieira.
Ao contrário de outros profissionais envolvidos no setor de compra de carne bovina, que consideram que no fim de ano há um aumento no consumo devido ao período de festas.
O pecuarista considera que em dezembro, a carne bovina fica em segundo plano. “As pessoas consomem produtos como frango, peru, carne suína e outros tipos de carne nessa época do ano”, reflete. Ele ressalta que o que tem abastecido o mercado até o momento é o gado do sistema de confinamento. “Mesmo para o confinamento está difícil, os próprios frigoríficos têm animais em confinamento para colocar no mercado, mas há uns três anos isso não tem acontecido”, comenta.