Os candidatos que vão fazer o Enem neste final de semana deverão estar preparados para encarar, nas 180 questões que os aguardam, interpretação de texto, além de muita leitura de gráficos e tabelas.
Esses três elementos serão a espinha dorsal da prova, afirma Matheus Prado, presidente do Instituto Henfil. “Eles aparecerão transversalmente em todas as provas”, que, segundo Prado, convidarão o aluno a “resolver problemas da vida real”.
É por isso que a redação é sempre sobre um tema atual e socialmente relevante, afirma a professora de língua portuguesa Célia Passoni, do Etapa.
Na prova que vazou, por exemplo, o candidato deveria escrever sobre a valorização do idoso. Para Passoni, no Enem, os alunos devem se preocupar especialmente em demonstrar posicionamentos “politicamente corretos”. “Não se pode nunca desrespeitar os direitos humanos [ao escrever a dissertação, por exemplo]”, alerta a professora.
Com uma prova num modelo tão diferente dos moldes tradicionais dos vestibulares, a dica para a reta final de Silvio Freire, coordenador de ensino médio do colégio Santa Maria, é refazer provas anteriores e investir em matérias de que o aluno não gosta. “Se o aluno já vai bem numa matéria, nos últimos dias ele tem pouco a crescer na sua nota nessa disciplina. Mas, se ele se dedicar às de que não gosta tanto, o proveito será maior.”
O fato de as questões serem contextualizadas, lembra Prado, traz uma consequência direta à prova: os textos se tornam mais longos e, com isso, o exame fica mais cansativo.
É justamente o tamanho da prova que assusta Felipe de Oliveira Verde Selva, 19, aluno do Intergraus. “Para mim, o maior desafio é o cansaço. São dez horas de prova”, reclama o estudante, referindo-se à soma dos tempos dos dois dias de prova.
Felipe faz vestibular para engenharia civil e pretende obter uma pontuação que o ajude a conseguir uma vaga na UFSCar –no vestibular da instituição, o Enem vale 50% da nota.
Tempo
A corrida contra o relógio é apontada pelos professores como uma das maiores dificuldades que o aluno terá.
No primeiro dia de prova, serão menos de três minutos por questão. No total, são 270 minutos para 90 questões, mas ainda deve ser considerado o tempo –ao menos 30 minutos– de passar as respostas para o cartão-resposta.
Já no segundo dia, o tempo que os alunos podem gastar em cada teste depende da estratégia adotada na redação.
Se a redação foi feita, o tempo para cada questão é o mesmo do sábado. Se o candidato optar por não fazer a redação, poderá usar as cinco horas e meia só para resolver os testes.
O MEC só vai liberar as provas e o gabarito do Enem no domingo, às 19h.