A inclusão dos alunos com necessidades especiais no ensino regular, em classes comuns, tem sido um desafio enfrentado pelas escolas da rede pública municipal de Dracena. Como garante a Constituição Federal em seu artigo 208, III, estas pessoas têm o direito à educação, preferencialmente na rede regular de ensino. Dessa forma, a Secretaria de Educação de Dracena oferece atendimento específico às crianças e adolescentes com necessidades especiais matriculados no ensino regular, por meio da Educação Especial, que conta com equipe multidisciplinar e salas de recurso para facilitar a aprendizagem destes alunos. As salas de recurso funcionam na Emefi Luiza Rossa Ribeiro e oferecem atendimento educacional especializado para os alunos com todo o tipo de deficiência inclusos nas escolas do município e também nos distritos de Jamaica e Jaciporã.

Eliana Cotarelli, coordenadora da Educação Especial e professora de deficientes visuais, explica que o trabalho é fazer com que os alunos progridam nas classes comuns e adquiram autonomia para as atividades da vida diária.

“Fizemos uma maquete para que um aluno cego reconhecesse as ruas, as casas, a escola e aprendesse a se locomover no bairro”, conta Eliana. Ela destaca que todo o material é fornecido pela Secretaria da Educação, assim como o transporte dos alunos, que frequentam as salas de recurso no contra turno das aulas regulares.

A secretária de Educação, Irmes Matarra, informou que a matrícula dos alunos com necessidades especiais no ensino regular é obrigatória, mas opcional nas salas de recurso.

Ela ainda ressaltou que, devido à dificuldade de encontrar profissionais qualificados para as atividades, as salas de recurso do município também atendem alunos que estão nas escolas estaduais. “A educação regular é direito de todos, é um dever amparar os alunos com necessidades especiais. Foram séculos em que estas pessoas ficaram excluídas da sociedade e somente na última década é que houve um olhar diferenciado para elas. É pouco tempo para fazer as pessoas enxergarem que os portadores de deficiência também são cidadãos e avançar na colaboração social e educativa. Tudo o que estamos fazendo ainda é pouco e a educação, como um todo precisa avançar em muito”, diz a secretária.

Ela afirmou que alguns alunos com necessidades especiais, dependendo do grau de deficiência e da renda per capita da família, são beneficiados com bolsa-auxílio do Governo Federal. Através dos cadastros desde programa, a Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social está descobrindo crianças que não estão frequentando os bancos escolares e repassando esses dados à Secretaria Municipal de Educação.

Em relação à inclusão dos alunos portadores de deficiência nas salas regulares, Eliana Cotarelli observou que com as crianças não há problemas, geralmente, o preconceito é dos adultos. Ela conta que alguns pais não queriam que os filhos estudassem na mesma classe em que houvesse um aluno ‘diferente’, mas depois de conversar com a equipe, conhecer o trabalho e ir até a escola, verificaram a atenção dos filhos e a amizade com o novo aluno.

Eliana informou que são feitas visitas semanais às escolas, trabalho de orientação dos professores e das famílias para a identificação e solução dos eventuais problemas. Além disso, os professores também participam de vários cursos de inclusão. A equipe multidisciplinar composta por assistentes sociais, psicopedagogas, psicólogas e fonoaudiólogas fica responsável pela triagem e encaminhamento dos alunos com necessidades especiais para outros atendimentos quando necessário.

Atualmente são 70 crianças incluídas nas classes regulares da rede municipal. Ana Carolina é uma delas e começou este ano na sala da professora Yara Torres, na Emefi Luiza Rossa Ribeiro. Yara contou que é a primeira vez que tem uma aluna com necessidades especiais na sala de aula. “Fiquei preocupada no início, mas ela foi bem recebida pelos alunos e tem demonstrado uma aprendizagem excelente. Ana Carolina se tornou uma pessoa especial em minha vida”, disse a professora. Yara também apontou um fato interessante: como há um trabalho diferenciado para aprendizagem de Ana Carolina, os outros alunos sempre pedem para ajudar a ensiná-la. “As crianças não têm preconceito, mas os adultos sim. Os educadores também precisam se despir do preconceito e não taxar os alunos por achar que eles não conseguem aprender. O aluno com necessidade especial cresce e muito, às vezes, até mais que os outros, frequentando o ensino regular”, diz Yara.