O novo secretário da Educação de São Paulo, Herman Voorwald, anunciou ontem, ao tomar posse, a intenção de aplicar avaliações semestrais padronizadas para os alunos da rede. As provas fazem parte de um projeto de reestruturação do ensino fundamental, a entrar em vigor em 2012.
Ernesto Rodrigues/AEVoorwald quer ‘abolir’ o termo ‘progressão continuada’Segundo Voorwald, o resultado dessas provas estará ligado não às reprovações, mas a um sistema de recuperação. “A reorganização do ensino fundamental passa por uma avaliação semestral de aprendizado do conteúdo e uma ação de recuperação imediata”, explicou. Atualmente, os alunos da rede fazem uma prova anual do Sistema de Avaliação de Rendimento Escolar (Saresp), mas os resultados servem para traçar um retrato da qualidade da rede e não o desempenho individual dos estudantes.
O esquema de recuperação e uma nova duração para os ciclos da progressão continuada ainda precisam ser definidos. O secretário afirmou, porém, que está “abolindo” o termo “progressão continuada” por causa da má impressão que a sociedade tem dela. “A interpretação que se fixou é de que ela (a progressão continuada) é a responsável por não se ter uma educação de qualidade. Mas ela, por si só, não é a responsável, e a reprovação não é a solução.”
Desde 1998, a rede estadual adota a progressão continuada, segundo a qual os alunos são promovidos de uma série para outra independentemente das notas. Eles podem ficar retidos somente duas vezes: ao término do 5.º ano e do 9.º ano. Apenas o excesso de faltas leva à reprovação em outros anos.
O secretário também garantiu que todas as possíveis alterações passarão por uma consulta à comunidade escolar. “Não abro mão de que quem está na ponta, que são os professores, manifestem-se. A postura desta gestão é de discutir com a rede”, afirmou.
A secretaria deve induzir a participação dos professores por meio de um texto a ser encaminhado a todas as escolas. As propostas dos docentes serão levantadas e organizadas pelas diretorias de ensino. “Participarei de reuniões em cada uma das 91 diretorias de ensino do Estado”, disse o secretário.
Aumento. Com a promessa de uma gestão baseada no diálogo, Voorwald convidou os sindicatos da rede para uma série de reuniões, hoje. Mas negou que um possível aumento salarial esteja na pauta dos encontros.
Mas o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), afirmou ontem, em declarações à imprensa durante a missa em memória do ex-governador Orestes Quércia (PMDB), que fará um esforço para que os professores tenham aumento real de salários ao longo do mandato, mesmo reconhecendo que ainda não há verba destinada para tal fim.