Os Estados Unidos se mantiveram em ritmo de recuperação entre julho e agosto, com uma expectativa “cautelosamente positiva” para a atividade econômica do país, segundo o “Livro Bege”, o documento com dados econômicos coletados nas 12 divisões regionais do Fed (Federal Reserve, o BC americano), divulgado nesta quarta-feira.

“Com relação ao documento anterior, Dallas indicou que a atividade econômica encontrou terreno firme, enquanto Boston, Cleveland, Filadélfia, Richmond e San Francisco mencionaram sinais de melhoria”, diz o texto. “Atlanta, Chicago, Kansas City, Minneapolis e Nova York descreveram a atividade econômica como estável ou mostrando sinais de estabilização.”

O distrito de St. Louis, por sua vez, classificou o ritmo do declínio da economia como de “aparente moderação”.

As vendas no varejo ficaram estáveis na maioria dos distritos, informa o documento. O setor varejista de alguns locais vem monitorando com cautela seus níveis de estoque, “em linha com baixos níveis de venda”.

A maioria dos distritos também confirmou que o programa chamado de “Cash for Clunkers” do governo federal –pelo qual os proprietários podem receber subsídios federais no valor de até US$ 4.500 para trocar seus carros usados por novos, mais eficientes no uso de combustível– impulsionou as vendas do setor automobilístico. A maioria das regiões, por sua vez, apontou melhoria nos mercados imobiliários.

O programa beneficiou as vendas da Ford, que cresceram 17% em agosto, para um total de 181.826 unidades, na comparação com agosto do ano passado. Já a Chrysler viu uma queda de 15% (indo para 93.222) e a GM teve resultado ainda mais fraco, com queda de 20% (indo para 246.479), ambas na mesma comparação.

Na comparação com julho, no entanto, a GM registrou um aumento de 30% nas vendas, e a Chrysler, de 5%, ambos resultados favorecidos pelo programa “Cash for Clunkers”.

O mercado imobiliário americano, por sua vez, apresentou sinais positivos nos últimos meses. O mais recente foi o divulgado no dia 1º deste mês: as vendas pendentes de casas nos Estados Unidos em julho tiveram alta de 3,2%, sexta alta consecutiva nessa modalidade de vendas, chegando ao maior nível em dois anos.

As vendas de casas novas no país cresceram 9,6% em julho, para uma taxa anualizada de 433 mil unidades –a maior desde setembro do ano passado. O índice de preços de imóveis Standard & Poor”s/Case-Shiller, um dos principais do mercado imobiliário americano, por sua vez, mostrou alta de 2,9% nos preços dos imóveis residenciais no país no trimestre passado, primeiro avanço na comparação entre trimestres consecutivos desde 2006.

Empregos

As condições do mercado de trabalho, no entanto, continuou difícil em todos os distritos, mas, ainda assim, as agências de empregos em Atlanta, Dallas, Richmond, Cleveland, Filadélfia, Boston, Nova York e Chicago apontaram uma ligeira recuperação na demanda por trabalhadores temporários.

No mês passado, foram eliminados 216 mil postos de trabalho, menor corte em um ano, mas a taxa de desemprego subiu para 9,7% –se aproximando, assim, da marca dos 10% a que o presidente americano, Barack Obama, já disse a que a taxa chegaria.

“Fim da recessão”

No último dia 2, o Fed divulgou a ata de sua reunião de política monetária de agosto, na qual avaliou que a recessão nos Estados Unidos, iniciada em dezembro de 2007, está “perto do fim”.

“Nas discussões sobre a situação e o cenário econômicos, os participantes concordaram que os dados recentes e as evidências reforçaram a confiança em que o declínio na atividade econômica está terminando e o crescimento deve recomeçar no segundo semestre”, diz o documento.

“Não obstante, a maioria dos participantes viu uma recuperação provavelmente durante o segundo semestre deste ano, e todos ainda a veem como vulnerável a choques”, diz a ata.