O terremoto de 7 graus na escala Richter que atingiu o Haiti ontem (12) matou Zilda Arns, de 75 anos, fundadora e coordenadora da Pastoral da Criança, que integrava missão no país caribenho. Além da morte de Zilda Arns, o Exército confirma morte de quatro brasileiros também.

Médica pediatra e sanitarista, Zilda Arns era fundadora e coordenadora da Pastoral da Criança e da Pastoral da Pessoa Idosa, órgão de Ação Social da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil). Foi indicada por três vezes ao Prêmio Nobel da Paz.

A morte de Zilda Arns foi confirmada também pela senadora Ideli Salvatti (PT-SC) ao UOL Notícias, após reunião de emergência com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na sede da Presidência em Brasília.

Zilda era irmã do cardeal Dom Paulo Evaristo Arns, arcebispo emérito de São Paulo.

O presidente Lula já entrou em contato com a família de Zilda Arns. “O presidente Lula está absolutamente chocado com essa tragédia e especificamente com a senhora Zilda Arns, uma pessoa de grande projeção no país, que estava lá fazendo uma obra de assistência humana muito importante, sempre trabalhando em coordenação conosco. A morte dela é uma grande tragédia para nós também. É uma pessoa extraordinária”, disse o ministro de Relações Exteriores, Celso Amorim, após uma reunião de emergência com o presidente Lula na manhã desta quarta.

O ministro afirmou que o presidente Lula determinou que a ajuda humanitária ao Haiti chegasse ao país o mais rápido possível.

O Brasil vai enviar cerca de US$ 10 milhões e 14 toneladas de alimentos ao Haiti. Dois aviões da FAB (Força Aérea Brasileira) vão decolar no final da manhã de hoje rumo à capital Porto Príncipe.

Estarão num dos voos o ministro da Defesa, Nelson Jobim, e o embaixador brasileiro no Haiti Igor Kipman. O senador Flávio Arns, sobrinho de Zilda, também segue nesse voo. Embarcarão ainda representantes da defesa Civil e do Ministério da Saúde do Brasil.

“Vamos fazer um levantamento da situação e verificar in loco o que pode ser feito. Há um problema de acesso da pista [no aeroporto de Porto Príncipe]. Vamos esperar em Rio Branco [capital do Acre] a autorização para seguir viagem”, afirmou Jobim.

A mulher de Igor Kipman, Roseana, se deslocou até o local onde estava Zilda Arns no momento em que foi atingida pelos destroços do terremoto.

Missão brasileira no Haiti
O Brasil tem 1.266 militares na Força de Paz da ONU, a Minustah, dos quais 250 são da engenharia do Exército.

O general Carlos Alberto Neiva Barcellos, chefe do setor de comunicação social do Exército, disse a jornalistas que há grande número de militares brasileiros desaparecidos após o terremoto.

O Brasil, que lidera as tropas de paz da ONU no Haiti, participa da Minustah com 1.266 militares. O contingente total da missão é de 9.065 pessoas, sendo 7.031 militares, segundo dados de novembro.