Depois de uma assembleia tumultuada no vão livre do Museu de Arte de São Paulo (Masp), o Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp) confirmou, por meio de nota à imprensa, a realização de uma nova assembleia, no dia 7 de maio, na Praça da República, para avaliar a necessidade de uma nova greve.

A maioria dos professores da rede estadual de educação presentes na assembleia realizada na tarde dessa quinta-feira (8) – estimados em 1,5 mil pessoas pela Polícia Militar – decidiu suspender a paralisação que nessa quinta completava um mês.

A decisão de suspender a greve, entretanto, não agradou a um grupo de manifestantes que decidiu protestar fora do vão livre do Masp, ocupando um dos sentidos e o canteiro central da Avenida Paulista. Com gritos de “pelega” e “traidores”, os manifestantes fecharam um dos sentidos da Avenida Paulista e depois se aproximaram do caminhão de som no qual se encontrava a presidente do sindicato, Maria Izabel Noronha. A confusão se agravou quando pedras, pedaços de paus e até bombas começaram a ser atirados em direção ao caminhão. Maria Izabel teve de deixar o local escoltada.

Ao defender a suspensão da greve, a presidente do sindicato afirmou que havia participado de uma reunião na quarta-feira (7) com o secretário da Educação do estado, Paulo Renato Souza. Segundo ela, o governo alegou que só aceitaria negociar com a categoria com o fim da greve. A promessa do governo foi abrir um canal de negociação com os professores já na próxima semana.

A ideia da presidente do sindicato é dar continuidade à mobilização, sem greve, por meio da realização de manifestações em frente à Secretaria da Educação, na Praça da República, sempre que houver reuniões de negociação.

O sindicato também pretende manter a mobilização nas escolas com a ajuda dos professores que precisam falar com os alunos sobre a atual situação, pressionar a Assembleia Legislativa na próxima semana para tentar garantir que a gratificação recebida pelos docentes seja incorporada aos salários e elaborar uma carta destinada aos pais dos alunos para explicar o movimento da categoria.

Alguns professores que também não concordaram com o resultado da assembleia dessa quinta-feira, mas que não tomaram parte da confusão, lamentaram. Segundo a professora de Piracicaba (SP), Débora Peron, que reclamou de não receber um reajuste salarial há muitos anos, a decisão pela suspensão da greve “foi péssima” e “uma palhaçada”.

“Fiquei muito decepcionada. Não é por causa da não continuidade da greve. Foi pelas justificativas, pelos argumentos falsos e mentirosos”, disse. Já sobre a confusão, Débora afirmou: “Fica super ruim para o professor, fica com a imagem de que professor é arruaceiro. E não é. Nosso objetivo era outro.”

“Para mim, não é uma causa só salarial. É uma causa para a educação, para os meus alunos”, afirmou Débora.

Procurada pela Agência Brasil, a Secretaria de Educação ainda não se pronunciou sobre a nova decisão dos professores.