A Justiça da Ilha de Jersey determinou na semana que passou, o repasse à Prefeitura de São Paulo de 1 milhão de libras esterlinas, equivalente a cerca de R$ 3,3 milhões, que estavam depositadas em contas movimentadas por familiares do ex-prefeito e deputado Paulo Maluf (PP-SP).
Os recursos são associados a desvios que teriam ocorrido durante a execução de obras na cidade na época em que Maluf era o prefeito e foram remetidos ao exterior há 15 anos, de acordo com a prefeitura, o Ministério Público Estadual e os juízes de Jersey.
O dinheiro foi repassado ao município em cumprimento à sentença da Corte de Jersey que condenou em novembro as empresas da família Maluf. É a primeira vez que dinheiro dos Maluf depositado no exterior volta ao Brasil em virtude de uma condenação judicial por corrupção.
Maluf sempre negou ter dinheiro no exterior, mas o processo de Jersey reuniu farta documentação mostrando que ele e seu filho Flávio controlam duas empresas sediadas em paraísos fiscais, a Durant e a Kildare, e movimentaram suas contas bancárias.
ACUSAÇÃO – A assessoria do ex-prefeito e deputado federal Paulo Maluf (PP-SP) afirmou que o dinheiro repassado à Prefeitura de São Paulo por causa da sentença da Corte da Ilha de Jersey “não é do deputado” e que ele não é réu no caso julgado pela Justiça do paraíso britânico.
Segundo a assessoria, Maluf não cometeu quaisquer desvios quando foi prefeito.
Procurada pela Folha, a assessoria afirmou que o deputado não tem vínculos com as empresas Durant e Kildare, mas seus advogados tomaram conhecimento sobre a decisão de novembro da Corte da Ilha de Jersey, bem como do recurso das companhias contra essa sentença.
Agora, os defensores de Maluf constituíram “observadores” para acompanhar o desfecho da apelação, que está em trâmite no tribunal da Inglaterra que julga causas dos territórios da comunidade britânica.
“Esse dinheiro [remetido para a Prefeitura de São Paulo] não é do deputado”, disse Adilson Laranjeira, assessor do congressista.
Em relação às acusações de que Maluf desviou dinheiro em sua gestão (1993-1996), a assessoria afirmou que todas elas “são mentirosas”.
De acordo com a assessoria, o deputado não tem e nunca teve dinheiro depositado em contas no exterior.