Dois meses depois dos protestos de rua em todo o país, o Congresso Nacional retomou sua rotina de plenários vazios e votações em apenas dois dias da semana.

Agora que a pressão direta da população por mudanças não se faz sentir com a mesma força, deputados e senadores abandonaram a promessa de adotar um ritmo mais forte nos trabalhos.

Na tarde de ontem, menos de dez deputados e senadores estavam presentes nos plenários das duas Casas.

Oficialmente, quase 400 congressistas registraram presença no Legislativo, mas deixaram o local de trabalho ainda pela manhã, pouco depois de marcarem o “ponto”.

No Senado, a sessão foi encerrada no meio da tarde sem que nenhum projeto chegasse a ser votado. É praxe na Casa realizar votações às quintas-feiras de projetos que são consensuais entre os líderes partidários, mesmo com poucos parlamentares presentes.

Ainda há projetos da chamada “agenda positiva” gestada no Congresso durante as manifestações que não foram analisados, como o projeto que cria o passe livre para estudantes no transporte público e o que acaba com o foro privilegiado de autoridades.

“Se o povo sai das ruas, o Congresso sai dos trilhos. É importante que a pressão popular se mantenha”, declarou o senador Álvaro Dias (PSDB-PR).

O tucano chegou ao plenário minutos depois do encerramento da sessão com o objetivo de discursar, mas já era tarde demais.

Nem mesmo os presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) e Renan Calheiros (PMDB-AL), respectivamente, apareceram ontem no Congresso.

Renan viajou para São Paulo, acompanhado de outros senadores, numa comitiva formada para visitar o senador José Sarney (PMDB-AP), que está internado no Hospital Sírio-Libanês.