Ontem, 29, pela manhã, a intenção de um grupo de 450 presos do raio 4 em fugir acabou sendo frustrada e resultou em rebelião na Penitenciária de Junqueirópolis.
A suspeita é que por não terem conseguido a fuga, os presos decidiram se rebelar para chamar a atenção e iriam fazer três agentes de reféns, mas só conseguiram dois. O terceiro saiu correndo, pulou de um raio para o outro e acabou fraturando uma das pernas.
Os agentes ficaram em poder do grupo de presos por cerca de três horas e só os liberaram após negociações.
O agente de segurança que fraturou a perna foi socorrido ao pronto atendimento de Junqueirópolis, bem como os outros dois reféns que ficaram em estado de choque e precisaram do atendimento médico.
A Polícia Militar foi acionada e esteve no presídio com várias viaturas, enquanto a Força Tática realizou patrulhamento nas imediações e permaneceu de prontidão no pátio externo.
Agentes de Segurança Penitenciária de várias cidades também estiveram na unidade acompanhando a rebelião.
O Corpo de Bombeiros de Dracena, com o Resgate e outra guarnição, também ficaram de prontidão em frente ao presídio, porém não houve intervenção.
Bombeiros da Base Comunitária de Junqueirópolis estiveram na Penitenciária até o final da rebelião.
O único que falou com a reportagem foi Gilberto Antônio da Silva, agente de segurança penitenciário e diretor regional do Sindicato dos Funcionários do Sistema Prisional do estado de São Paulo (Sifuspesp).
Ele explicou que a tentativa frustrada de fuga aconteceu no momento que os funcionários subiram para trancar as celas para servir o almoço e foram surpreendidos pelos presos.
Segundo ele, os presos conseguiram cortar a tela de proteção do raio e chegaram ao teto onde a cela é aberta por um procedimento de mecanização, onde o agente não fica exposto no pátio porque a abertura ocorre por cima.
Gilberto afirmou que o agente que fazia o procedimento mecânico de tranca das celas viu os presos seguindo em sua direção e então pulou para o outro raio que fica no andar de baixo e conseguiu escapar, mas fraturou a perna enquanto os outros dois agentes que faziam a vistoria dos presos foram pegos como reféns.
“O diretor do presídio e os demais funcionários conversaram com os detentos que percebendo que não haviam conseguido as fugas decidiram voltar para as celas”, declarou o sindicalista.
Gilberto disse que a Penitenciária de Junqueirópolis tem capacidade de abrigar 792 presos e deveria ter 180 funcionários, mas atualmente está com 1.879 detentos e um déficit de 30 agentes, além de estar com o dobro de sua capacidade.
“Isso sobrecarrega o serviço do agente penitenciário e consequentemente fragiliza a segurança numa falha do governo por não manter o quadro de funcionários correto”, comentou o diretor do Sinfusfesp.
A rebelião terminou por volta das 11h quando o Corpo de Bombeiros foi liberado para deixar o local e retornar à Dracena.
O Grupo de Intervenção Rápida (GIR) da Secretaria de Assuntos Penitenciários (SAP) da região entrou na Penitenciária, lançou granadas de efeito moral e realizou a revista no presídio a fim de encontrar algum objeto contundente nas celas.
NOTA – À tarde, a Secretaria de Assuntos Penitenciários (SAP) divulgou nota em que trata o ocorrido no presídio de Junqueirópolis como uma tentativa de fuga e não rebelião, que foi impedida “graças à atuação do excelente corpo de segurança da unidade”.
Segundo a SAP, “em razão da descoberta da tentativa da fuga, os presos fizeram dois agentes de segurança reféns por um período curto, sendo que nenhum funcionário sofreu qualquer tipo de agressão”.
A nota diz que a situação foi controlada e a penitenciária vai permanecer trancada para uma revista rigorosa com o apoio do GIR. “Não se trata de motim ou rebelião, mas sim de tentativa de fuga frustrada e todas as unidades estão operando normalmente dentro dos padrões de disciplina e segurança da SAP”, terminou a nota.