As mudanças nas regras do financiamento da casa própria pela Caixa Econômica Federal (CEF), anunciadas no começo da semana, reduzindo de 80% para 50% o limite de recursos para quem pretende comprar imóvel usado pelo Sistema Financeiro da Habitação (SFH) e de 70% para 40%, pelo Sistema Financeiro Imobiliário (SFI) está causando impacto negativo para o setor imobiliário em Dracena.
Pelo SFH, o valor máximo de financiamento no estado de São Paulo é de R$ 750 mil e no SFI, estão o imóveis que não se enquadram no SFH e com valor acima de R$ 750 mil. A medida da CEF começa vigorar na próxima segunda-feira, 4.
O motivo pela redução do crédito, segundo a CEF é o aumento nos saques para aquisição da casa própria é o aumento nos saques na caderneta de poupança, principal fonte do financiamento imobiliário.
DRACENA – De acordo com o delegado do Conselho Regional dos Corretores de Imóveis (Creci), de Dracena e região e proprietário de imobiliária, Wilson Camargo, as novas normas dificultaram ainda mais para quem pretendia comprar um imóvel. “Além do valor da entrada ter subido para 50% do preço, o comprador ainda é obrigado a alienar totalmente o imóvel que pretende”, acrescenta.
Segundo Camargo, a maioria das vendas financiadas é de imóveis usados, índice que chega a quase 90%.
Segundo a CEF, estão mantidas as regras para o programa Minha Casa, Minha Vida e as operações que utilizam o FGTS para as linhas de crédito. Para os imóveis novos o teto de financiamento que era de 90% do valor da casa caiu para 80%.
O delegado do Creci explica que as mudanças atingem também o proprietário que possui uma residência e pretendia vendê-la para capitalizar e adquirir uma nova, ou então reduzir o valor do financiamento.
Camargo reitera ainda que as medidas da Caixa atingem duramente o setor imobiliário. “As vendas dos imóveis usados caíram cerca de 80% desde o anúncio das mudanças. Há famílias que tinham planejado a compra da casa, com a documentação pronta e agora são obrigadas a desistir da negociação. Ficam em situação de desespero”, revela.
“Com as medidas, uma família precisa ter 50% do valor do imóvel para dar entrada, caso contrário não tem acesso à linha de crédito e como consequência, a procura pelos financiamentos vai diminuir e a oferta de imóveis usados para venda vai aumentar”, analisa.
A tendência, segundo Camargo, é dos proprietários necessitarem dos recursos financeiros e baixarem o valor dos imóveis que têm à venda. Ele cita o exemplo de uma casa que estava à venda em Dracena por R$ 750 mil, mas o negócio foi fechado a R$ 570 mil, o que representa defasagem de 20% no preço.
Para o representante do Creci, o setor imobiliário passa por forte turbulência. “A crise no setor habitacional que começou há uns dois meses em grandes centros chegou ao interior e à região”, enfatiza.
ALUGUÉIS – As mudanças que passaram a dificultar os financiamentos e obrigam as famílias permanecerem em casas de aluguel, não estão aquecendo o setor de locação de residências como se poderia prever. “Ao contrário, a procura para locação de aluguel de residências também caiu 50% em média”, esclarece Camargo.
O corretor de imóveis de outra imobiliária de Dracena, Edinaldo Aparecido Colotonio, também avalia como prejudicial para o setor, as medidas da CEF. “A redução na linha de crédito, dificulta a negociação que estava em andamento, principalmente pela dificuldade do cliente possuir 50% do valor da entrada, geralmente o comprador tem disponível recursos próprios de 10% a 15% do valor do imóvel”, informa.
A maioria das vendas de casas residenciais em Dracena é na faixa de R$ 200 mil a R$ 250 mil. “Dificilmente uma família terá R$ 100 mil para entrada”, constata. A maioria das compras financiadas, conforme o corretor, também é de imóveis usados, cerca de 70%.
“Pela forma como está ocorrendo, está cada vez mais difícil adquirir a casa própria”, declara o corretor.
Segundo Edinaldo, desde o começo do ano, as vendas caíram 20% em média e devem reduzir mais nos próximos dias, quando começam os reflexos das medidas anunciadas nesta semana.
Quanto às locações, o corretor explica que a procura está sendo maior para casas com alugueis mais baratos e há proprietários que não estão reajustando os valores para manterem a locação ao inquilino que paga em dia.