Moradores do bairro Porto, em Paulicéia, cansados de inalar o mau cheiro vindo do confinamento de bovinos em uma fazenda (antigo Frigorífico Gongon), próximo a área urbana, reuniu dezenas de nomes num abaixo-assinado e encaminhou a reclamação ao Ministério Público Estadual que abriu inquérito civil para apurar irregularidades no local.
O cheiro característico de um chiqueiro de porcos trata-se das fezes do rebanho bovino. Em dias de vento toda a cidade sente, relata um dos moradores do bairro.
Na região onde se concentra a maior parte das lanchonetes e restaurantes da cidade, donos desses estabelecimentos dizem perder clientela por causa do forte cheiro.
“Tem vez que clientes mal chegam, levantam e vão embora”, afirmou um comerciante que preferiu não ter o nome divulgado.
A dona de casa Sandra Marques mora ao lado da propriedade rural e mostrou a porta da sala ‘preta’ de mosca-varejeira. “Esses dias precisei jogar todo arroz do almoço no lixo”, disse.
Às margens do Rio Paraná, no antigo porto da balsa, é impossível sentar para pescar, reclamou o pescador aposentado Manuel Alves de Freitas.
Sentada a espera do atendimento médico no Centro de Saúde do município, a dona de casa Maria Martins de Brito antes de ser questionada a respeito do assunto, chamou a atenção da reportagem sobre o mau cheiro na cidade. “Tenho tido dores de cabeça e estômago, e constantes vômitos”, reclamou.
Diante das inúmeras reclamações, o coordenador municipal da Vigilância Sanitária, Luiz Carlos Antiquera, afirmou ter encaminhado correspondência à empresa Agronegócio Estância São Cristovão Ltda., responsável pelo confinamento para que dentro de dez dias, contado do recebimento, apresente a autorização para funcionamento do negócio. Caso não ocorra a apresentação, a Vigilância Sanitária poderá representar pelo fechamento da atividade.
REINCIDÊNCIA – Segundo o engenheiro civil da Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental), Érico Cristiano Vidal, uma advertência dada anteriormente foi descumprida e o confinamento recebeu multa de 650 Ufesp (Unidade Fiscal do Estado) correspondente a R$ 13,8 mil.
A companhia aplicou nova advertência e deu prazo para regularizar o mau cheiro dentro de 30 dias, a vencer no dia 29 desse mês. Se não cumprir novamente, a multa deverá ser paga em dobro 1.300 Ufesp.
“Eles têm que fazer o que for necessário para cessar esse incômodo”, explicou o engenheiro.
OUTRO LADO – A reportagem do Jornal Regional procurou pelos responsáveis no confinamento, mas um funcionário informou que a pessoa que prestaria esclarecimentos estava em viagem. Foi passado telefone de contato do repórter a empresa, porém, ninguém procurou a reportagem até o momento para se pronunciar a respeito.